quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

BNDES anuncia redução de juros para capital de giro de empresas

Limite por operação sobe de R$ 50 mi para R$ 200 mi, diz Coutinho.
Segundo ele, carência, e prazo de pagamento, também são dilatados.

Alexandro Martello Do G1, em Brasília


O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, que esteve nesta terça-feira (10) em Brasília. (Foto: Elza Fiúza/ABr)

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, informou nesta terça-feira (10), que, em mais uma estratégia para combater os efeitos da crise financeira internacional na economia brasileira, a instituição baixou as suas taxas de juros para a linha emergencial de capital de giro destinada à empresas, além de aumentar o prazo de vigência, de carência e também de pagamento.

"O volume de crédito está voltando, segundo informações do Banco Central. Mas o custo ainda não retornou ao que era antes. O custo provavelmente ainda é mais alto. Se pudermos auxiliar nesta tarefa [de redução dos juros bancários], vamos fazê-lo. Mas a missão do BNDES não é essa. Transitoriamente, o BNDES está cumprindo um papel de suporte ao investimento. Mas a gente espera que o sistema bancário volte cumprir sua parte", disse Coutinho a jornalistas.

Volume de recursos

Segundo Coutinho, o BNDES possui mais R$ 5 bilhões em caixa para a linha emergencial de capital de giro das empresas, ou seja, por meio do Programa Especial de Crédito (PEC). Esses recursos que já estavam previstos anteriormente.

"Mas, se houver demanda suplementar, podemos expandí-la. A nossa esperança é que o sistema bancário volte a oferecer capital de giro. Se a situação permanecer escassa e os recursos se não forem suficientes, a gente pode ampliar", disse ele, lembrando que o BNDES poderá ter até R$ 166 bilhões para empréstimos neste ano.

O presidente do BNDES informou que essa linha de crédito é "transitória" e foi criada justamente para suprir a demanda por crédito devido à crise financeira internacional. O prazo de vigência da linha de capital de giro, porém, foi estendido de junho deste ano até o fim de 2009.

Carência e prazo

Luciano Coutinho informou que a linha original do PEC tinha cinco meses de carência e 13 meses para pagamento. Após as alterações efetuadas pela instituição, o prazo de carência é de 12 meses e o prazo de pagamento subiu para até 36 meses.

"Há substancial extensão do prazo dos empréstimos da linha de capital de giro, que não está condicionada a investimentos. É acessível a toda e qualquer empresa de todo e qualquer setor econômico", disse ele.

Taxa de juros

Segundo Luciano Coutinho, a taxa de juros do Programa Especial de Crédito também está sendo baixada. Ele informou que o custo está sendo reduzido em 1,55 ponto percentual, para 14,50% ao ano. "Esse é o custo do BNDES", disse ele.

Explicou que, sobre essa taxa, há ainda um spread que depende de cada empresa (rating), que varia de 0,4 ponto percentual a 1,5 ponto percentual. No caso da operação ser feita via outras instituições financeiras, que representa grande parte dos contratos, existe ainda uma taxa de mais 0,5 ponto percentual relativo ao risco do sistema bancário.

"O custo final da linha de crédito irá para algo em torno de 18% a 19% ao ano. Antes, era 20% e pouquinho. Está sendo reduzido. São linhas de capital de giro com taxas muito baixas, se comparadas com as taxas cobradas nas operações de mercado atualmente. Para capital de giro, a taxa média [das instituições financeiras com recursos próprios] é algo que está entre 25% 30% ao ano. Bem superior. Essa será a linha de capital giro mais barata existente no mercado", disse Coutinho.

Na linha de crédito tradicional de capital de giro, que é vinculada à realização de investimentos, porém, a taxa de juros subiu de 8,75% para 11,25% ao ano. Essa linha tradicional de capital de giro financia até 30% dos investimentos previstos, inclusive importações.

Linhas para exportação

O BNDES informou ainda que também estão sendo reduzidas as taxas de juros para operações de pré-embarques de exportações. Para vendas ao exterior de bens de capital, a taxa caiu de 13% para 11,25% ao ano e, para os bens de consumo, recuou de 15% para 13,75% ao ano. O prazo de pagamento desta linha de crédito subiu de 18 para 24 meses e o limite por operação, que era de até R$ 150 milhões, acabou. A partir de agora podem ser fechadas operações de qualquer valor.

Empréstimos-ponte

Luciano Coutinho informou ainda que a taxa de juros de empréstimos-ponte, ou seja, até que os financiamento tradicional, já aprovado pelo BNDES, seja efetivamente liberado. Os juros recuaram de 14,25% para 13,75% ao ano nesta linha de crédito.

"Os empréstimos-ponte praticamente desapareceram no merado. Estamos suprindo a demanda por empréstimos-ponte. Entre a aprovação do financiamento do BNDES e a liberação dos recursos, as empresas têm de apresentar uma série de documentos, o que demora de dois a seis meses. Até sair o financiamento, as empresas usam os empréstimos-ponte", disse ele.

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