domingo, 13 de julho de 2008

Em caso de empate, idade define eleição Dois prefeitos foram eleitos dessa forma em 2004.

André Nery Do G1, em São Paulo

Não são apenas os votos que podem decidir as eleições deste ano nos mais de 5 mil municípios brasileiros. No caso de dois candidatos terminarem empatados na primeira colocação, o eleito será o mais velho, segundo a legislação eleitoral.
Eleições decididas pela idade, por sinal, não são algo impossível de acontecer. No último pleito municipal, em 2004, as cidades de Grão Pará (SC) e Embaúba (SP) tiveram empate entre dois candidatos. Nos dois casos, assumiu a prefeitura o candidato mais velho.

Grão Pará

Em Grão Pará, que tinha 4.752 eleitores em 2004, Amilton Ascari, que concorria na época pelo PFL (atual DEM), e Valdir Dacoregio (PT) somaram 50% dos votos válidos – cada um teve 2.270 votos. Ascari acabou eleito porque era quase dois anos velho que o adversário - tinha 47 anos, contra 45 de Dacoregio.
“Eu tinha 47 anos e ganhei por dois anos de diferença. Mas, na verdade, a pressão foi muito grande. Abria a urna, empatava, abria outra e um ganhava com um voto, dois votos. Foi uma situação inacreditável”, disse Ascari, em entrevista ao G1.
Segundo o atual prefeito, Dacoregio chegou a festejar a vitória. “Naquela oportunidade, eles somaram errado os votos deles e festejaram antes a vitória, pois achavam que tinham vencido. Mas, quando o juiz eleitoral foi conferir a urna eletrônica, deu empate.”
Em entrevista ao G1, Dacoregio disse que pensava que iria vencer a eleição. “Nós tínhamos uma apuração paralela, e o pessoal da nossa apuração mostrava que tínhamos vencido a eleição. Eu jamais esperava que fosse dar empate”, afirmou.

Embaúba

No município paulista de Embaúba, que contava com 1.787 eleitores em 2004, os candidatos Luiz Finoto Neto, que concorria pelo PSDB, e Jesus Natalino Peres, pelo PFL (atual DEM), também terminaram iguais – cada um obteve 830 votos.
Derrotado pela idade, Natalino Peres disse ao G1 que ainda não se conforma com aquele resultado. “É uma crueldade você perder uma eleição pela idade. É uma injustiça. Na minha opinião, deveria haver uma nova eleição na época”, disse.
Na época da eleição, em 2004, Natalino tinha 45 anos e era 22 anos mais novo que seu adversário. Ele diz estar decepcionado com a política por ter perdido a eleição por causa da idade. “Se durar mais cem anos, não vou esquecer o que aconteceu”, comentou.
Finoto, que tinha 67 anos em 2004, disse que esperava uma eleição muito disputada. "Eu achava que ia ser difícil. Durante a campanha, eu até falei para meu adversário: 'você tem que ganhar no voto, pois, se empatar, eu sou prefeito de Embaúba'", disse ele.
Para o advogado Arthur Rollo, especialista em direito eleitoral, “a idade serve de critério de desempate constitucional”. “É utilizado, por exemplo, para concurso público. É um critério prévio, objetivo e criado previamente”, afirmou Rollo.
Na avaliação do advogado, utilizar a idade como desempate em uma eleição é a melhor alternativa. “É um critério, no meu entender, correto. Ninguém pode reclamar porque todo mundo já sabe a regra do jogo”, acrescentou o especialista.


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Fonte:G1.com.br

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