quinta-feira, 19 de junho de 2008

Inflação é 'passageira' e deve ficar dentro da meta, diz Mantega

A  economia brasileira continua com uma trajetória saudável e a inflação, que apresentou crescimento neste ano, é passageira, de acordo com avaliação feita nesta quinta-feira (19) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. "A inflação vem principalmente de fora. Impediremos que seja propagada aqui dentro", disse ele.
"O Brasil continua tendo um desempenho bastante satisfatório, também em termos de inflação. Apesar de ter aumentado um pouco, continua sendo menor do que a maioria dos países emergentes. A gente continua cumprindo as metas e continuará perseguindo a obtenção. Estamos conseguindo apesar de termos aumentado um pouco a média inflacionária", afirmou Mantega a jornalistas.
Mantega informou ainda que, para combater o crescimento da inflação, motivada principalmente pela subida dos preços dos alimentos (devido à maior demanda internacional), o governo está preparando o plano safra 2008/2009. Segundo ele, o plano terá uma "série de medidas" para expandir a produção agrícola. Com a maior oferta de alimentos, diz ele, haverá um impacto nos preços, que tendem a cair. Na avaliação do ministro, a inflação se combate com o aumento da oferta por produtos e serviços.
"O Brasil é o país mais bem posicionado na questão agrícola. Tem mais áreas agriculturáveis e maior produtividade. Vamos aproveitar a situação de escassez de alimentos para produzir muito mais alimentos. Estamos preparando uma grande safra 2008/2009 e 2009/2010. Vamos aumentar consideravelmente a produção brasileira aproveitando esse bom momento", disse o ministro da Fazenda.
Inflação dentro da meta
O ministro da Fazenda avaliou ainda que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado como referência no sistema de metas de inflação, não deve ultrapassar 6,5% neste ano. Esse é o teto da meta de 2008.
O centro da meta é de 4,5%, mas como existe um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Para manter a inflação dentro da trajetória das metas, o BC já subiu os juros em 1 ponto percentual neste ano, para 12,25% ao ano.
"Não achamos que [a inflação] vai superar o teto. [A previsão do] Focus [relatório de mercado do Banco Central, que faz pesquisa com instituições financeiras] é de 5,8%, ou 6%. Portanto, aquém do limite superior da meta. A previsão é de a inflação não deve superar a meta", disse o ministro da Fazenda.
Economia para pagar juros
O ministro Guido Mantega negou, novamente, que o governo vá aumentar outra vez a sua meta de superávit primário, ou seja, os recursos que são separados para pagamento de juros da dívida pública como forma de manter sua trajetória de queda. Um superávit primário maior, dizem especialistas, contribuiria para um maior controle da inflação - uma vez que significa redução dos gastos do governo.
Mantega informou que a meta de superávit primário continua em 3,8% do PIB, ou R$ 105 bilhões, mas lembrou que já está sendo feito um esforço fiscal a mais, de 0,5%, ou R$ 13 bilhões, para formar o chamado "fundo soberano". Com isso, financiar as empresas brasileiras no exterior.
"O superávit primário será 4,3% [com os 0,5% do fundo soberano]. Não será maior até porque é difícil fazer maior do que isso. É um esforço relevante. Não há necessidade de fazer esforço adicional. Não há medida adicional de restrição do crédito. Achamos que já há restrição por conta da alta da taxa de juros", disse ele.
Crescimento Econômico
O ministro da Fazenda disse também é possível reduzir o "ímpeto inflacionário" sem desacelerar o crescimento econômico mais do que o desejável. "É possível combater a inflação mantendo a economia em crescimento", disse ele, que manteve sua estimativa de crescimento de 5% para o PIB de 2008.
Na avaliação de Mantega, o Brasil está demonstrando resistência ao aumento dos preços das "commodities" [produtos básicos com cotação internacional, como alimentos, petróleo e aço]. "A economia continua crescendo apesar do choque de 'commodities'. Em outros países, derrubou a atividade econômica, que se retraiu. No Brasil, continuamos com crescimento satisfatório", disse ele.
O ministro reafirmou ainda que, embora o PIB tenha apresentado crescimento elevado (5,8% no primeiro trimestre deste ano), já há sinais de desaceleração - uma vez que o país cresceu menos do que o último trimestre de 2007.

 

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