sexta-feira, 30 de maio de 2008

País pode ter 1ª linhagem 100% brasileira neste ano, diz cientista

Um dos poucos grupos de pesquisa do Brasil que utilizam embriões, o da professora Lygia da Veiga Pereira, da USP, estima que o país deve ter sua primeira linhagem de células-tronco embrionárias humanas 100% nacional já no final deste ano --ou seja, um grupo de células-tronco de um único embrião que consigam replicação in vitro.
"Estamos há quase dois anos neste trabalho. O importante não é tanto a linhagem, mas o estabelecimento da tecnologia no país. Assim, não vamos precisar importar."
Segundo ela, as primeiras linhagens de células-tronco embrionárias humanas foram estabelecidas nos Estados Unidos --em 1998.
A cientista comemora o aval às pesquisas científicas com células-tronco embrionárias, concedido nesta quinta-feira (29) pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
"Achei ótima a decisão. É uma vitória, para deixarmos claro que o Brasil é um país moderno, não somos uma coisa de terceiro mundo", diz.
Lygia acompanhou a votação de ontem pela TV em seu laboratório na USP. "Agora mais grupos podem tomar coragem para mergulhar fundo na pesquisa com células humanas", disse. "Espero que a gente consiga agora atrair a iniciativa privada."
Julgamento
O STF (Supremo Tribunal Federal) aprovou ontem (29) as pesquisas com células-tronco embrionárias no país. O Supremo rejeitou uma ação direta de inconstitucionalidade contra o artigo 5º artigo da Lei de Biossegurança que permite a utilização, em pesquisas, dessas células fertilizadas in vitro e não utilizadas.
Seis ministros do tribunal votaram a favor das pesquisas. Outros cinco sugeriram mudanças na lei.
A ação foi proposta em 2005 pelo então procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, que defende que o embrião pode ser considerado vida humana. O STF não chegou a proibir as pesquisas com células-tronco embrionárias, mas muitos pesquisadores ficaram receosos em continuar com os estudos, em razão do impasse jurídico.
As células-tronco embrionárias são consideradas esperança de cura para algumas das doenças mais mortais, porque podem se converter em praticamente todos os tecidos do corpo humano. Entretanto, o método de sua obtenção é polêmico, porque a maioria das técnicas implementadas nessa área exigem a destruição do embrião.
Com a Folha Online e a Folha de S.Paulo, em Brasília
Opinião
Blog - Ciência em Dia: Muito barulho por nada no Supremo
Blog - Assim Como Você: Uma célula e a humanidade de esperanças
Pensata - Kennedy Alencar: Dá-lhe, Celso de Mello!
Leia mais
Veja íntegra de votos dos ministros do STF sobre pesquisas com embriões
Liberação do uso de embriões dá tranqüilidade para pesquisas, dizem cientistas
Celso de Mello e Cezar Peluso se exaltam em julgamento no STF
Restrições propostas por ministros inviabilizam pesquisa com embriões, diz pesquisador
Movimentos a favor de pesquisas com embriões já comemoram vitória no STF
Temporão critica ministros que querem restrições a pesquisas com células-tronco
Advogado causa confusão ao acusar cadeirantes de serem pagos por empresa
Grupo defende priorizar recursos em pesquisas com células adultas

Nenhum comentário: