terça-feira, 18 de novembro de 2008

Debate discute alternativas para criação de algodão e mamona



A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semi-árido da Assembléia Legislativa realizou na tarde desta terça-feira (18/11) audiência pública, no Plenário 13 de Maio, para debater a possível instalação de um laboratório de sementes transgênicas de algodão e mamona no Estado do Ceará. No debate, parlamentares e especialistas discutiram o tema e outras alternativas para a produção, como o uso de técnicas da agroecologia.

Para o presidente da Comissão, deputado Cirilo Pimenta (PSDB), o cultivo do algodão “pode retornar e tem condições de voltar a ser uma das culturas que podem melhorar a renda da população mais carente, principalmente da que mora no sertão”. Conforme o tucano, no Estado, existem áreas pequenas, onde não é necessário usar o algodão transgênico. “Deve haver um controle daqueles que têm como plantar orgânico. Isso vai permitir que a agricultura familiar tenha complementos para poder concorrer com o algodão transgênico”, afirmou.

O deputado Lula Morais (PCdoB), que solicitou o debate, destacou a importância do tema: “fui procurado por sete sindicatos rurais. Eles sentiram a necessidade de discutir a instalação do laboratório”.

De acordo com o parlamentar, o Governo Federal está estudando a possibilidade de, a partir de uma parceria entre o Governo do Estado e a empresa chinesa BioCentury Transgene, implantar no Ceará um laboratório de pesquisa de sementes transgênicas. Para uso destas sementes deve ser paga uma patente, daí a necessidade, segundo ele, de se debater o assunto, uma vez que existe a preocupação de que os pequenos agricultores não tenham acesso a essas sementes.

O chefe geral da Embrapa Algodão da Paraíba, Napoleão Beltrão, acredita que associações ligadas ao tema em debate devem se organizar para produzir o algodão agroecológico, para posteriormente cultivar o algodão orgânico, sem ter “medo dos transgênicos”. Para ele, o algodão transgênico é uma questão de consciência de mercado: “não há problemas em trabalhar essa cultura nas áreas irrigadas. Mas o transgênico hoje não é a solução de tudo. No Nordeste, o momento é da agroecologia para que possamos nos diferenciar do outros mercados”.

Pedro Jorge Ferreira Lima, do Escritório de Planejamento e Agrário (Esplar), salientou a necessidade de se retomar a cotonicultura no Estado: “espero que saiamos daqui com o apoio dos institutos oficiais que querem batalhar por uma retomada do cultivo de algodão, mas com base no agronegócio e na sustentabilidade”.

Para o assessor da Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado, Nicolas Fabne, os transgênicos não trazem sustentabilidade. “Na produtividade de trabalho da agricultura familiar, existem muitas tecnologias de agroecologia para serem trabalhadas”, pontuou.

A audiência contou com a presença do pesquisador da Embrapa e especialista em Mamona da Paraíba, Liv Severino; do membro da Associação de Desenvolvimento de Agricultura Orgânica, Bráulio Magalhães e do chefe geral da Embrapa Algodão, Vitor Hugo de Oliveira.
AT

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social
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