O senador Akel Biltaji (esq.) garantiu que a segurança será grande para proteger o Papa |
Renato Beolchi
Direto de Amã
Ainda que seja assunto sigiloso, a segurança do papa Bento XVI durante sua passagem pela Jordânia, que começa nesta sexta-feira, terá todo o aparato que seria mobilizado caso a visita fosse do presidente americano Barack Obama. A garantia é do senador Akel Biltaji, ex-ministro do Turismo e conselheiro do Rei Abdullah II. "Não posso falar em números, caso contrário não seria assunto de segurança".
Biltaji encontrou-se com jornalistas no início da tarde desta quinta-feira em Amã, capital da Jordânia, ao lado do padre Rifat Bader, porta-voz do Vaticano na Jordânia. Ambos destacaram a importância da visita de Bento XVI à região.
O pontífice inicia nesta sexta-feira a terceira visita papal à Terra Santa. A primeira ocorreu em 1964 quando Paulo VI passou curtas 6 horas na Jordânia antes de seguir para Israel. Em 2000, João Paulo II ficou durante dois dias no reino. Bento XVI ficará pelo menos quatro dias.
Biltaji, ao contrário das autoridades israelenses, não entrou em detalhes quanto aos números do esquema de segurança montado para a visita do Papa. Em Israel, para onde Bento XVI segue na segunda-feira, pelo menos 8 mil homens serão escalados para trabalhar na proteção do Santo Padre.
Ferida aberta
A preocupação tem motivo. Ainda que a Jordânia tenha ficado em 14º no ranking dos 131 países mais seguros do mundo, segundo o Fórum Econômico de Davos, há apenas 3 anos e meio Amã foi palco de um sangrento atentado terrorista assumido pela Al-Qaeda. Na noite de 10 de novembro de 2005 explosões em três hotéis de luxo da cidade deixaram pelo menos 59 mortos e mais de uma centena de feridos.
"Foi o nosso 11 de setembro", comparou um emocionado Biltaji ao lembrar a noite dos ataques. O senador ocupava o cargo de conselheiro do Rei Abdullah II para a promoção do turismo no país e viu-se diretamente envolvido com o ataque. Ele declarou estar em um dos hotéis no momento do ataque e emocionou-se ao lembrar um amigo que morreu no atentado.
Lenço palestino de presente ao Papa
Já o padre Rifat destacou o caráter de união religiosa que Bento XVI demonstra com a visita ao Oriente Médio. Rifat afastou tentou ainda afastar as críticas que o pontífice recebeu há quase 3 anos quando, em palestra na Universidade de Regensburg, Bento XVI citou críticas ao Islã feitas no século XIV pelo imperador bizantino Manuel II Palaeologus, segundo quem Maomé só havia trazido coisas ruins e desumanas, "como sua ordem de difundir pela espada a fé que ele pregava".
Como prova da unidade entre muçulmanos e católicos, Rifat disse que presenteará o papa com uma kufia, o lenço jordaniano em vermelho e branco típico da região e que traz em suas pontas as bandeiras do Vaticano e da Jordânia lado a lado.
Agenda religiosa
Bento XVI desembarca no aeroporto internacional de Amã no início da tarde desta sexta-feira. Em seguida ele abençoa o Centro Rainha da Paz, uma organização que ajuda pessoas necessitadas. No sábado pela manhã o Papa deve visitar o Monte Nebo, de onde Moisés teria avistado a Terra Prometida em Israel. No domingo o pontífice celebrará uma missa no Estádio de Amã e em seguida irá ao local do batismo de Jesus Cristo no Rio Jordão.