Média histórica do trimestre maio, junho e julho é 169 mm, bem inferior a de fevereiro, março e abril, 546 mm
A previsão climática para o período de maio a julho é de maior probabilidade de chuvas na categoria acima da média para o Nordeste. Porém, é importante ressaltar que a média do trimestre para o Ceará é de 169 mm, quantidade significativamente inferior a dos meses de fevereiro, março e abril, que é de 546 mm.
“A tendência é que as chuvas continuem superando a média histórica, mas esses índices já são menores a partir de maio, ou seja, não deverá chover a mesma quantidade que foi observada até abril”, destacou David Ferran, gerente do Departamento de Meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME). Ele participou, em Recife, do Fórum de Análise e Previsão Climática para o Nordeste do Brasil, onde foi emitida a previsão climática.
O regime de precipitações que ocorre no Estado do Ceará (Pré-Estação, Estação “acima da média” e Pós-Estação) é influenciado pelas condições atmosféricas (por exemplo, ventos alísios de Nordeste e de Sudeste) e oceânicas (temperaturas do Pacífico e do Atlântico). A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), o principal sistema causador de chuvas no norte da região Nordeste, costuma atuar entre os meses de Fevereiro a Maio, caracterizando a principal quadra chuvosa do Estado do Ceará. Neste mesmo período outros sistemas atmosféricos atuam no sentido de favorecer ou inibir a ocorrência de chuvas, tais como: Vórtices Ciclônicos de Ar Superior - VCAS; Frentes Frias; Linhas de Instabilidade; Sistemas Convectivos de Mesoescala e Oscilação Madden-Julian (30-60 dias). A partir da segunda quinzena de maio, com possibilidade de se estender até agosto, outros sistemas podem atuar, como as Ondas de Leste. Este sistema causa chuvas, principalmente no Litoral Leste do Estado e nas regiões Jaguaribana e Apodi.
Divisão das categorias
O total precipitado numa dada região durante a quadra chuvosa (Fev – Mai) é geralmente classificado em três categorias: “abaixo da média”, “em torno da média” e “acima da média”. Esta classificação toma como base os valores históricos de precipitação de cada região, de modo que os limites destas categorias variam por região. Por exemplo, tomando como base o período utilizado neste estudo (1950 a 2008), se o total de chuva no Sertão Central & Inhamuns durante a quadra chuvosa for igual a 600 mm, a estação será classificada como “acima da média”, pois foi acima do limite inferior da categoria “acima da média” para esta região, que é igual a 516,6 mm (Ver Figura 1 abaixo). Entretanto, se este mesmo montante de chuva cair sobre o Litoral de Fortaleza durante a quadra chuvosa, a estação neste caso será considerada "abaixo da média", dado que o limite superior da categoria “abaixo da média” para esta região é igual a 680.5 mm. Portanto, a classificação do total precipitado durante a quadra chuvosa (Fev – Mai) nas categorias “abaixo da média”, “em torno da média” e “acima da média” deve ser encarada como algo relativo a cada região. Deve-se ainda diferenciar a média histórica da categoria "em torno da média", sendo a primeira um valor pontual e a segunda um intervalo de variação dos valores da categoria.
A Figura 1 abaixo apresenta, para as oito regiões do Estado do Ceará, as faixas de valores de precipitação acumulada durante a quadra chuvosa para as três categorias: Abaixo da Média (vermelho), “em torno da média” (amarelo) e “acima da média” (azul). O limite superior da categoria “abaixo da média” e o limite inferior da categoria “acima da média” estão devidamente identificados, assim como a média para cada região, e os respectivos mínimo e máximo observados ao longo do período 1950 a 2008. Por exemplo, para a região do Cariri, uma quadra chuvosa com total precipitado inferior a 554,2 mm é classificada como “abaixo da média”, enquanto que uma com total precipitado acima de 705,6 mm é classificada como “acima da média”.
A fim de proporcionar um pouco mais de detalhe acerca do comportamento dos totais precipitados durante a quadra chuvosa ao longo dos anos, cada uma das categorias (“abaixo da média”, “em torno da média” e “acima da média”) foi dividida em três partes igualmente prováveis, cujos limites estão identificados como barras verticais tracejadas. Portanto, cada categoria contém duas barras verticais tracejadas, sendo então divididas em três partes.
A definição dos limites das categorias, bem como de suas divisões internas, foi baseada na frequência amostral observada no período de 1950 a 2008, calculada de acordo com a posição de plotagem de Hazen, (i – 0,5)/n, sendo i o ranking das precipitações acumuladas e n (= 59) o número total de anos utilizados. Os limites das categorias foram definidos com base nos percentis de 1/3 e 2/3.
Figura 1. Categorias das Regiões Hidrológicas Homogêneas para o Período de fevereiro a Maio (Base de cálculo: 1950-2008).
Fonte:funceme.br