Após pedido de Obama, juiz suspende julgamento de preso em Guantánamo
Canadense Omar Khadr é acusado de ter matado soldado no Afeganistão.
Outros casos de presos na base dos EUA em Cuba ainda serão analisados.
O juiz militar Patrick Parrish ordenou nesta quarta-feira (21) que o processo contra o canadense Omar Khadr, preso em Guantánamo acusado de crimes de guerra, seja suspenso por 120 dias.
A suspensão deste e de outros casos de acusados de crimes de guerra na cooperação com o terrorismo havia sido pedida terça-feira à Justiça pelo recém-empossado presidente dos EUA, Barack Obama.
"A defesa não se opõe à moção, e o juiz ordenou que se aplique", disse Jo Dellavedova. porta-voz dos tribunais militares.
No dia da posse, Obama mandou a Procuradoria Militar dos Estados Unidos pedir a suspensão temporária dos processos contra os detentos da prisão em Cuba.
O pedido pode congelar o andamento de 21 casos, incluindo o julgamento de cinco prisioneiros acusados de envolvimento nos ataques de 11 de setembro de 2001.
Veja a íntegra do discurso de posse de Obama
Bandeira americana é vista atrás de cerca de arame farpado em prisão na base militar de Guantánamo, em Cuba, em foto de 10 de outubro de 2007. (Foto: AP)
Os promotores argumentaram que congelar os julgamentos até 20 de maio daria tempo para a nova administração avaliar cada caso e decidir qual tribunal é o mais adequado para uma futura sentença.
"No interesse da Justiça, e a pedido do presidente dos Estados Unidos e do secretário de Defesa Robert Gates, o governo solicita, respeitosamente, que as comissões militares autorizem o adiamento dos processos mencionados anteriormente até 20 de maio de 2009", afirma a moção apresentada nesta quarta-feira pelo juiz Cayton Trivett, do Ministério Público, a dois juízes dos tribunais de exceção.
Além de Parrish, o outro juiz, Stephen Henley, é responsável pelo processo de cinco homens acusados de ajudar a organizar os atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington. Ele deve decidir ainda nesta quarta.
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A prisão de Guantánamo, em uma base militar americana em Cuba, foi aberta em 2002, como parte da "guerra contra o terrorismo" iniciada pelo governo de George W. Bush depois dos atentados de Nova York e Washington.
Cerca de 240 estrangeiros ainda estão aprisionados em Guantánamo. Ao longo da campanha à presidência, Obama se comprometeu a fechar a prisão, cuja existência foi amplamente criticada por organizações defensoras dos direitos humanos. Após eleito, ele manteve a promessa.
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Obama prometeu que uma de suas primeiras medidas seria o fechamento da prisão Guantánamo, que virou um símbolo dos excessos do governo americano contra os direitos humanos na "guerra contra o terrorismo".
E Obama começou de fato a cumprir a promessa, ao pedir a suspensão do sistema judicial de exceção, que julga os detentos acusados de crimes de guerra.
Antes da posse, assessores do presidente disseram que os trâmites para o fechamento da prisão e a transferência de presos devem durar pelo menos seis meses.
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Primeiro dia de trabalho
Obama começa nesta quarta a trabalhar por suas metas de recuperar a economia, resolver as guerras do Iraque e do Afeganistão e criar uma abordagem para o conflito do Oriente Médio.
Ele prometeu uma ação rápida e incisiva contra a crise econômica no país, a pior em sete décadas, e também pediu à população que tenha paciência com problemas, internos e externos, cuja solução irá demorar.
Ainda na quarta, Obama se reúne com assessores econômicos que estão discutindo com o Congresso a aprovação de um pacote de US$ 825 bilhões para estimular a economia. (assista ao lado)
Além disso, ele avalia novas abordagens para restaurar o sistema financeiro, o que pode incluir a criação de um banco público que compraria dívidas "tóxicas" de bancos em apuros. O novo governo acredita que isso iria levar a uma retomada do crédito para empresas e consumidores.
Iraque e Afeganistão vão dominar a política externa de Obama, mas ele diz que também buscará um papel ativo para tentar resolver o conflito entre israelenses e palestinos. É possível que rapidamente ele nomeie um representante especial para o Oriente Médio -o ex-senador George Mitchell, experiente em questões diplomáticas, está muito cotado.
Além da reunião com os assessores econômicos, Obama deve se sentar também com a cúpula militar para falar sobre o Iraque e o Afeganistão. Fontes oficiais dizem que será discutida a possibilidade de acelerar a retirada das tropas norte-americanas do Iraque e de enviar reforços ao Afeganistão.
O general David Petraeus, que como comandante das forças no Iraque foi um dos responsáveis pela redução da violência sectária, deve participar da reunião de quarta, logo após desembarcar vindo do Afeganistão.
O secretário de Defesa, Robert Gates, e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Mike Mullen, também são aguardados.
Também na quarta, o plenário do Senado deve votar e aprovar a indicação de Hillary Clinton como secretária de Estado. Já a pasta do Tesouro permanece vaga, pois Tim Geithner, pressionado devido a um caso de sonegação fiscal e a irregularidades na contratação de uma empregada estrangeira, ainda não foi aprovado pelo Senado.
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