SÃO PAULO - Que os resultados obtidos pela Petrobras (PETR3, PETR4) no primeiro trimestre deste ano vieram significativamente acima do esperado pelos analistas já é de conhecimento do mercado. Basta ver a expressiva alta que seus papéis trilharam no pregão desta terça-feira (13).Lucro líquido de R$ 6,925 bilhões, Ebitda - geração operacional de caixa - de R$ 13,876 bilhões, e por aí segue a lista de números positivos. Entretanto, mais do que tomar nota das principais variáveis contábeis apresentadas pela empresa, é importante saber quais elementos motivaram tal desempenho tão favorável neste começo de ano.Despesas menoresNeste sentido, os analistas se mostram praticamente consensuais quanto ao impacto positivo que a redução nas despesas operacionais surtiu sobre a receita líquida da petrolífera. No primeiro trimestre de 2007, os gastos em tal segmento somaram R$ 6,635 bilhões, enquanto que no mesmo período deste ano o número foi de R$ 5,909 bilhões.Boa parte de tal recuo deu-se pela menor incidência tributária, devido à extinção da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) que proporcionou à Petrobras poupar R$ 179 milhões, a despeito do aumento da alíquota do IOF. Na comparação anual, as despesas com tributos e impostos passaram de R$ 299 milhões para R$ 149 milhões.Outro fator que motivou a queda registrada pela companhia em seus gastos foi o decréscimo reportado nas despesas gerais e administrativas, que, segundo o Unibanco, se deve "à ausência de eventos que afetaram os resultados passados, como acordos sindicais e reajustes no pagamento de fundos de pensão".Ademais, "houve redução nos desembolsos devido a menores custos exploratórios no exterior e no país (no total, uma redução de cerca de R$ 515 milhões) e inexistência de perdas na recuperação de ativos", reiteram os analistas da Brascan Corretora.No entanto, nem todas as despesas da companhia caíram. Como ressaltam as equipes de Credit Suisse e Itaú, os lifting costs cresceram 20% na passagem anual e 8% descontados os efeitos da apreciação cambial. Segundo a Petrobras, o resultado deve-se a reajustes salariais e expansão da força de trabalho, além dos custos iniciais mais elevados de novos sistemas, que tendem a se reduzir com o aumento gradativo da produção.Câmbio e dieselPor falar em taxa de câmbio, este se comportou como um elemento chave nos balanços da estatal brasileira neste primeiro trimestre, na medida em que impactou positivamente o resultado financeiro líquido da Petrobras em R$ 454 milhões, devido à menor apreciação do real frente ao dólar norte-americano no período.À parte de efeitos cambiais e monetários e de despesas menores, os analistas do Morgan Stanley destacam os preços mais elevados de produtos mais brutos no mercado internacional, como a nafta e a querosene. Já as equipes de Unibanco e Itaú ressaltam o crescimento nas vendas de diesel, motivado pelo incremento do uso da energia termoelétrica no País.Além disso, a produção média de óleo e gás aumentou 2% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, devido à entrada em produção de novos sistemas e plataformas. Todavia, poderia ter sido melhor, como a própria Petrobras reconhece em seus resultados."Atrasos Petrobras não estão isentos de preocupações por parte dos analistas. Neste sentido, o Credit Suisse destaca o fraco desempenho do segmento de refino da companhia no plano internacional, devido a interrupções programadas de unidades nos EUA e Argentina.Mas o que mais preocupa os analistas do banco de investimentos é, novamente, a fraca geração de caixa por parte da empresa neste trimestre. "O fluxo de caixa operacional da Petrobras após o capex ficou negativo em R$ 2,5 bilhões, deixando, mais uma vez, um aumento em sua dívida líquida", nas palavras do Credit Suisse.
Publicado no UOL
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