Steve Wilkinson fez parte da equipe que criou o polêmico LZR Racer.
Maiô supermoderno promete mais velocidade aos nadadores de elite.
Marília Juste Do G1, em São Paulo
Speedo/Divulgação
O recordista Michael Phelps fez parte da equipe que testou o maiô (Foto: Speedo/Divulgação)
Engenheiro da mais importante agência espacial do mundo, a Nasa, o americano Steve Wilkinson cansou de ouvir as piadinhas dos colegas em relação ao seu último projeto: o desenvolvimento dos maiôs LZR Racer para nadadores de elite. Agora, ao ver atletas vestindo sua criação batendo recordes atrás de recordes, ele parece tranqüilo. Este seu trabalho pode não estar indo ao espaço, mas com certeza já faz história – e polêmica.
Entenda como funciona o supermaiô
Quando entrou na Nasa há 30 anos, Wilkinson admite que jamais pensou que um dia estaria testando tecido para maiôs. Longe de ser um entusiasta da natação, ele estava mais acostumado a testar o desempenho de aviões e barcos nos túneis de vento de altíssima tecnologia do Centro de Pesquisa Langley, da agência espacial americana.
Isso até a Warnaco Inc, da marca Speedo, pedir a ajuda da Nasa para testar uma série de tecidos, em busca de algo para revolucionar a natação. E conseguiu. Wilkinson e sua equipe testaram cerca de 60 malhas diferentes até chegar na que tinha a menor resistência à água. O conceito é o mesmo que faz aviões irem mais rápido. Quanto menos resistência, mais velocidade. Era o surgimento do que foi chamado de "supermaiô espacial".
NASA/Sean Smith
Steve Wilkinson com os tecidos que testou na Nasa (Foto: NASA/Sean Smith)
De lá para cá, muita gente se envolveu no projeto – inclusive o grande campeão das Olimpíadas de Pequim, Michael Phelps, e a medalhista olímpica Natalie Coughlin.
Mas, no fundo, para Wilkison, seu trabalho era a mais pura física. “Este é um local de pesquisa básica. Procuramos os conceitos para reduzir o arrasto em superfícies lisas. Isto é mais direcionado à física básica”, disse o engenheiro em nota.
Quando foi lançado, em janeiro, o maiô causou polêmica. Muitos esportistas acreditavam que ele dava uma vantagem injusta aos patrocinados pela Speedo. Nada que tenha impedido uma longa fila de nadadores de se acotovelar pelo LZR Racer quando foi distribuído aos competidores em Pequim.
O resultado? Além de fazer história esportiva, o LZR Racer colocou um engenheiro aerospacial, sempre mais preocupado com números de naves do que com os de esportes olímpicos, para assistir a competições de natação torcendo como se aquele recorde mundial a ser batido fosse também dele. Para muitos, talvez seja.
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