A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira (8) durante a Operação Satiagraha o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o empresário Naji Nahas.
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Presos na Operação Satiagraha já foram acusados de fraudes
A operação investiga desdobramentos do caso mensalão. Segundo informações da Polícia Federal, trata-se de uma investigação iniciada há quatro anos e que traz informações repassadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para a Justiça Federal de São Paulo.
De acordo com a PF, foram expedidos 24 mandados de prisão e 56 de busca e apreensão. Os mandados, expedidos pela 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo, são cumpridos por 300 policiais em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador. Ainda não há informações sobre quantos mandados já foram cumpridos.
Em São Paulo, foram presos Celso Pitta, Naji Nahas e doleiros. No Rio, Daniel Dantas, sua irmã Verônica Dantas, que é diretora do banco, e outras pessoas ligadas ao Opportunity.
A PF informou que os detidos encabeçam uma suposta quadrilha que teria cometido crimes financeiros. Os presos na operação podem ser indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha, de acordo com nota divulgada.
Luísa Brito / G1
Um Audi branco foi apreendido pela PF na Operação Satiagraha (Foto: Luísa Brito / G1)
O empresário Naji Nahas e o ex-prefeito da capital paulista já estão detidos na sede da PF em São Paulo. Três carros apreendidos durante a operação também foram encaminhados para o local: um Audi, um Corolla e um Chrysler.
Por volta do meio-dia, no Rio, três carros da Polícia Federal deixaram o prédio do banqueiro Daniel Dantas e o levaram para a sede da PF no Rio. Os advogados de Dantas também deixaram o local.
Os presos na PF do Rio devem ser transferidos para a sede da PF em São Paulo. Mais detalhes da operação serão divulgados pela PF em entrevista nesta tarde.
'Normal'
O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse, em Brasília, que a Operação Satiagraha foi realizada dentro dos parâmetros da Polícia Federal. "Trata-se de uma operação normal e está tudo sendo realizado de acordo com o Ministério Público e com a Justiça."
Tarso participou, ao lado do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Luiz Fernando Correia, da assinatura do convênio para a implantação do Laboratório de Tecnologia contra a Lavagem de Dinheiro (LAB-LD), na sede do Ministério da Justiça. Correia não quis falar com jornalistas ao final do evento.
Investigação
Durante a apuração do caso, a PF identificou pessoas e empresas beneficiadas pelo suposto esquema montado pelo empresário Marcos Valério, que já está sendo processado pelo mensalão, para desviar recursos públicos.
O chamado esquema do mensalão envolvia o suposto pagamento de dinheiro a deputados da base aliada do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em troca de apoio no Congresso.
A PF acredita que uma suposta organização comandada por Daniel Dantas teria se beneficiado dos recursos públicos e montado empresas de fachada para o desvio das verbas.
Luísa Brito / G1
Agentes chegam à sede da PF com materiais aprendidos durante a operação (Foto: Luísa Brito / G1)
Além do grupo de Dantas, a PF teria descoberto um segundo grupo formado por empresários e doleiros que atuavam no mercado financeiro para fazer a lavagem do dinheiro. Esse grupo, segundo a PF, seria comandado pelo empresário Naji Nahas.
O nome da operação, Satiagraha, significa resistência pacífica e silenciosa, conforme nota divulgada pela PF.
Outro lado
O G1 entrou em contato com os advogados de Celso Pitta e Naji Nahas e aguarda resposta.
Em entrevista à Globo News, o advogado de Daniel Dantas, Nélio Machado, afirmou que Daniel Dantas pode ser vítima de "vingança". "Daniel Dantas é um empresário reconhecido e ele vem sendo estigmatizado, não de agora, como se pretendessem praticar uma violência contra ele. (...) Mas eu o tenho como pessoa de bem e acredito que a acusação tem um componente de vingança, de demonstração de natureza medieval, porque a cabeça dele tem sido oferecida a prêmio, não de agora."
O advogado considerou a prisão "desnecessária". "Essa prisão é de todo desnecessária e revela uma precipitação e mostra também que muitas dessas medidas que a Polícia Federal toma, elas são anunciadas antes."
Segundo o advogado, a "Folha de S.Paulo" teria anunciado a operação e ele, Nélio Machado, não teria obtido informações com a Justiça. "Essa tem sido marca usada pela PF em detrimento das garantias da Constituição. Se quiserem apurar fatos envolvendo meu cliente que o façam, mas que obedeçam a Constituição, que é rasgada pela prática que se observa.”
Nélio Machado disse que iria para a sede da Polícia Federal no Rio, onde Daniel Dantas ficará detido.
FonteG1.com.br