quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

BNDES terá mais R$ 100 bilhões para emprestar, diz Mantega


Créditos estarão condicionados à geração de empregos.
Ao todo, BNDES terá até R$ 166 bi para emprestar em 2009.

Alexandro Martello Do G1, em Brasília


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que anunciou que o BNDES terá disponível mais R$ 100 bilhões para emprestar ao setor produtivo. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta quinta-feira (22) que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terá mais R$ 100 bilhões para empréstimos ao setor produtivo. Segundo Mantega, os créditos concedidos pelo BNDES, desta quinta-feira em diante, estarão condicionados à geração de empregos.

Com isso, as linhas de financiamento da instituição financeira, que somaram R$ 91 bilhões em 2008, poderão chegar a até R$ 166 bilhões neste ano, disse Mantega. Não há prazo formal para devolução dos recursos pelo BNDES ao Tesouro Nacional.

"O Tesouro fará um aporte de recursos de 100 bilhões para o BNDES. Serão aportados sob a forma de títulos e também sob a forma de superávit financeiro do Tesouro. Há uma transferência de recursos", disse o ministro da Fazenda. De acordo com o ministro, o BNDES deverá pagar ao Tesouro Nacional, juros de 8,75% ao ano para 70% dos R$ 100 bilhões repassados. Para os outros 30%, a taxa será a mesma que o Tesouro Nacional conseguir em captações externas.

Segundo Mantega, o objetivo da medida é viabilizar os investimentos necessários nos setores de energia elétrica, da Petrobras, em infraestrutura, e em petróleo e gás. "Não vão faltar recursos para investimentos no Brasil. Investimento é emprego e os custos de empréstimo serão reduzidos, ou seja, abaixo do que cobra o mercado financeiro", disse ele.

De acordo com o ministro da Fazenda, a medida também busca impedir uma desaceleração muito grande da economia brasileira. Ele lembrou que a meta é que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça pelo menos 4% neste ano. "Tem PAC aí, e todos os projetos de infraestrutura. É uma grande notícia porque garante aos investidores que não faltarão recursos", disse ele.

Geração de emprego

Mantega explicou a vinculação dos empréstimos à criação de empregos. "Daqui para frente, os créditos do BNDES estarão condicionados à geração de empregos. Vai estar explicitado no contrato e vai ser fiscalizado", disse ele. Se houver demissão, porém, o ministro informou que não está explicitado o que será feito. "Não dá para fazer investimento sem contratações (...) Não adianta colocar que quem não entregar [contratações], vai ser expulso do paraíso e vai para o inferno", justificou.

Reunião com bancos

O ministro da Fazenda informou ainda que, na reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os bancos públicos, realizada nesta quinta-feira (22) no Palácio do Planalto, foi feita uma avaliação de que as instituições financeiras do governo elevaram seus volumes de empréstimos em 2008.

"No volume de crédito liberado, tiveram um desempenho à altura de um banco público, que é ajudar o desenvolvimento do Brasil, no investimento e nas linhas de capital de giro. Mesmo com esse aumento no volume, não existe ainda crédito suficiente para viabilizar as atividades econômicas no Brasil. Ainda falta crédito", disse ele, explicando que, por isso, está sendo feito um aporte adicional de R$ 100 bilhões para o BNDES.

Taxa de juros e spread bancário

Na avaliação do ministro da Fazenda, os bancos, quer sejam públicos ou privados, estão em condições de reduzirem seus "spreads" nas operações de empréstimos. O spread é a diferença entre a taxa de captação das instituições financeiras (quanto pagam pelos recursos) e as suas taxas de juros ao tomador final (quanto cobram).

"O Banco Central deu um passo importante ontem [ao reduzir a taxa básica de juros] e os bancos já estão reduzindo suas taxas. Elas já estão menores. Também foi feita uma liberação de depósitos compulsórios. Por isso, os bancos estão em condições de reduzirem seus spreads. Os bancos públicos saem na frente, mas esperamos que os bancos privados também o façam. Acredito que o movimento de queda de juros continue nos próximos meses", disse o ministro.

Aumento 'expressivo' do spread em 2008

Mantega notou que o custo financeiro das operações de empréstimo subiu de forma "expressiva" ao longo de 2008 e acrescentou que, após o agravamento da crise, a situação piorou ainda mais. "As taxas de spread chegaram a patamares inimagináveis, extremamente elevados, inadmissíveis em um país que precisa de crédito para crescer. O presidente recomendou que bancos públicos liderem a redução do spread no Brasil, que está excessivamente elevado", afirmou ele.

Ele observou, porém, que a determinação foi feita para que os bancos públicos liderem o processo de redução do spread bancário, "mas sem comprometer o seu desempenho". "Os bancos tiveram alta rentabilidade em 2008. Por isso, tem uma margem para redução [do spread]. Eles podem compensar com mais market share [ganho de novos clientes]", finalizou o ministro.

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Obama manda fechar prisão de Guantánamo

Obama manda fechar prisão de Guantánamo no prazo de um ano

Presidente também exige cumprimento da Convenção de Genebra.
Democrata havia prometido as medidas durante a campanha eleitoral.

Do G1, com agências internacionais


O presidente dos EUA, Barack Obama, cumpriu uma de suas promessas de campanha nesta quinta-feira (22) e ordenou que o centro de detenção de Guantánamo, em Cuba, seja fechado em até um ano.

O decreto que ordena o fechamento da prisão foi assinado durante rápida cerimônia no Salão Oval, na Casa Branca. O presidente eleito estava cercado de militares reformados e funcionários do primeiro escalão.

Outros decretos assinados por Obama também proíbem os abusos durante interrogatórios e exigem que os agentes cumpram a Convenção de Genebra -que regula o tratamento de prisioneiros de guerra. Antes da assinatura, Obama teve reunião com os militares em que tratou da política de interrogatório e de detenção de pessoas suspeitas de terrorismo.

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Gaza: Obama pede que Israel abra fronteira

Obama manda Mitchell ao Oriente Médio e pede que Israel abra fronteiras de Gaza

Ex-senador George Mitchell será enviado dos EUA ao Oriente Médio.
Diplomata Richard Holbrooke cuidará de Afeganistão e Paquistão.

Do G1, com agências internacionais


O presidente dos EUA, Barack Obama confirmou nesta quinta-feira (22) a nomeação do ex-senador George Mitchell, de 75 anos, experiente negociador internacional, como enviado especial dos EUA ao Oriente Médio.

A apresentação dele foi feita em cerimônia no Departamento de Estado, no mesmo dia em que Hillary Clinton assumiu a chefia da diplomacia americana. Ela mesma abriu a cerimônia.

Em uma mudança do discurso do governo americano em relação à era Bush , ele disse que está comprometido com a segurança de Israel e que o país tem direito de se defender, mas pediu que o país abra as fronteiras da Faixa de Gaza, para que ajuda humanitária possa chegar à população do território palestino - que foi alvo de três semanas de ataques de Israel entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009 .

Foto: AFP

Richard Holbrooke, Barack Obama e George Mitchell durante cerimônia no Departamento de Estado nesta quinta-feira (22). (Foto: AFP)

Obama disse que pretende mandar Mitchell à região em confronto "o mais rápido possível", para conseguir uma "paz duradoura" entre Israel e seus vizinhos árabes.

O novo presidente afirmou que as linhas gerais para obter um cessar-fogo na região são claros: "O Hamas deve terminar seus ataques com foguete, e Israel deve completar a retirada de suas tropas de Gaza. Os Estados Unidos e nossos parceiros vão apoiar um regime de interdição e anticontrabando com credibilidade, de maneira que o Hamas não consiga se rearmar", disse Obama.

Ao assumir, Mitchell prometeu empreender todos os esforços necessários para alcançar a paz e a estabilidade no Oriente Médio.

O ex-senador citou sua experiência como mediador na Irlanda do Norte, onde, segundo disse, "antigos inimigos conseguiram chegar a um acordo quase 800 anos depois".

"Para conseguir a paz no Oriente Médio, será necessário aplicar capital político, recursos econômicos e a atenção muito cuidadosa das mais altas esferas dos governos", disse.

Mitchell foi negociador para a Irlanda do Norte durante a administração de Clinton.

A nomeação do ex-senador, de pai irlandês, representa um claro sinal do compromisso assumido por Obama e sua secretária de Estado com o processo de paz entre palestinos e israelenses, sobretudo depois da ofensiva militar em Gaza.

Nos anos 90, Mitchell, que anunciou o acordo da Sexta-Feira Santa, teve um papel discreto, mas decisivo, nas negociações de paz entre protestantes e católicos na Irlanda do Norte, protagonistas de um dos mais sangrentos conflitos do século XX.

Afeganistão e Paquistão

Na mesma cerimônia, Richard Holbrooke, ex-embaixador americano na ONU, foi designado enviado especial ao Afeganistão e ao Paquistão. Em diversas ocasiões durante a campanha e como presidente eleito, Obama disse que o foco da luta contra o terrorismo sairia do Iraque e passaria a ser o Afeganistão.

No discurso desta quinta, Obama disse que a situação no Afeganistão é "perigosa", e que qualquer progresso no combate aos insurgentes do Talibã vai tomar tempo.


Holbrooke, 68 anos, é artesão do acordo de paz de Dayton que pôs fim em 1995 a uma guerra interétnica na ex-Iugoslávia. Ele é considerado um homem brilhante e muito ambicioso, que compartilhou sua vida entre a diplomacia e Wall Street.

É o único diplomata americano a ter ocupado dois postos de secretário adjunto de Estado, tendo sido encarregado dos assuntos relacionados à Ásia durante o governo Jimmy Carter e das relações européias, sob Bill Clinton.

Ao assumir nesta quinta, ele prometeu que fará "tudo o que puder" para atingir as metas nestes países.

Esses dois países "são muito diferentes em sua geografia e em sua história, mas misturados em sua composição étnica, geograficamente e no drama político atual", declarou.

Holbrooke disse ainda que no Afeganistão trabalhará estreitamente com o chefe do Comando Central do Estado-Maior americano, o general David Petraeus, e com outros altos comandantes das Forças Armadas.

Sobre o Paquistão, o novo enviado especial reconheceu que a situação no país "é infinitamente complexa". Além disso, ressaltou que respeita "completamente as tradições" dessa nação, embora tenha feito referência "às perigosas turbulências" nas áreas tribais da fronteira com o Afeganistão.

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