domingo, 20 de julho de 2008

MAIORIA DOS CANDIDATOS A PREFEITO COM DIPLOMA

O bom negócio das eleições no Brasil

Fábio Campos OPOVO


O processo eleitoral no Brasil talvez merecesse um estudo científico mostrando o impacto na nossa economia, na geração de renda e de empregos temporários. Nunca foi feito um levantamento do quanto é investido em campanhas eleitorais e nem como esse dinheiro entra no mercado. Deve superar os bilhões em recursos legais ou, como diria Delúbio Soares, em recursos não contabilizados. É dinheiro que, de diversas formas, passa a circular movimentando uma impressionante cadeia econômica. Há desde a distribuição direta de dinheiro (quem conhece uma eleição no interior sabe que isso persiste), a bens de pequeno valor (telhas, tijolos, cestas básicas, redes, colchões...), passando pela contratação de cabos eleitorais (milhares), de estruturas de comunicação, carros de som, material gráfico, motoristas e muito mais. Boa parte dos eleitores, principalmente os mais carentes, sabe disso e costuma ser inteligente na hora de estabelecer uma relação com a oportunidade que o mercado eleitoral lhe oferece
a cada dois anos. Na eleição municipal, essa situação parece
ser ainda mais marcante em função da proximidade dos eleitores com os cargos em disputa.

QUASE 350 MIL CANDIDATOS A VEREADOR
De acordo com os números organizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), haverá 52.137 vagas de vereador em disputa nas eleições de 2008. Até a noite de ontem, o site do TSE registrava 373.596 pedidos de registro de candidaturas. Deste total, 343.237 eram para as vagas em disputa nas câmaras municipais. A grosso modo, uma média de 6,5 candidatos por vaga. Os cargos estão distribuídos nos 5.563 municípios brasileiros, onde mais de 128 milhões vão escolher, em 5 de outubro, seus representantes no legislativo local para os próximos quatro anos. Para prefeito e vice-prefeito são aproximadamente 30.396 candidatos. Um imenso exército movimentando grandiosas estruturas de campanha cujo objetivo final é convencer os eleitores de suas postulações. Se levarmos em conta a possibilidade do segundo turno, as estatísticas aumentam muito. Nas eleições de 2008, 77 municípios brasileiros que contam com mais de 200 mil eleitores registrados podem decidir a disputa para prefeito em 2º turno, se nenhum candidato atingir a maioria absoluta dos votos em 5 de outubro. Juntos, esses municípios (nenhum no Ceará) correspondem a mais de 46,5 milhões de eleitores - cerca de 35% do total do eleitorado nacional.

DOS CANDIDATOS A PREFEITO COM DIPLOMA

No Ceará, são 511 candidatos a prefeito (mais 511 candidatos a vice-prefeito) e 10.091 candidatos a vereador que vão disputar os cargos em 184 municípios. Entre os candidatos a prefeito, 278 se declararam com grau de instrução superior (diplomados ou cursando), 147 possuem o ensino médio, 45 do ensino fundamental. Ainda restam 41 que a Justiça Eleitoral enquadra como “outros”. Entre os candidatos a vereador, a situação se inverte no que diz respeito à formação escolar. Há menos diplomados (2.334) e a maioria (4.126) possui o ensino médio. 1.174 candidatos a vereador cursaram o ensino fundamental. 13 são analfabetos e 1.844 foram enquadrados no item “outros”. De longe, o partido que continua mais influente na política do Interior do Ceará é o PSDB. Os tucanos possuem 94 candidatos a prefeito. São duas dezenas a mais que o PSB de Cid Gomes, com 74 candidatos a prefeito. O PMDB possui 76 candidatos ao executivo das cidades. O PT vem em quarto lugar com 52 candidatos a prefeito. O PSDB também possui o maio número de candidatos a vereador com 1.224, batendo o PT e o PSB que apresentaram 907 nomes cada. O PMDB vem em quarto com 887 candidatos a vereador.

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