domingo, 27 de julho de 2008

Novas práticas de saúde bucal serão regulamentadas

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A medida trará repercussão no Ceará. A previsão é de que o SUS venha a contar com procedimentos e que técnicas como acupuntura sejam popularizadas (Foto: JULIANA VASQUEZ)

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Medida definirá habilitação para uso da laser terapia, florais, fitoterapia, acupuntura e a homeopatia

Até a primeira quinzena do próximo mês, estarão regulamentadas as práticas integrativas e complementares em saúde bucal. Assim, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) definirá a qualificação necessária ao profissional da odontologia que usa em seus pacientes as técnicas de hipnose, fitoterapia, florais de Bach, acupuntura, laser terapia e a homeopatia.

Na plenária do Fórum Nacional de Terapias Integrativas e Complementares em Saúde Bucal, ocorrido nos dias 5, 6 e 7 de junho deste ano em Brasília, ficou acertado que em 90 dias o CFO divulgaria as regras para habilitar os profissionais a exercer essa práticas, tais como curso, com sua respectiva carga horária, grade curricular etc.
“Mas, antes disso, sairá a regulamentação”, assegurou o presidente do CFO, Miguel Álvaro Santiago Nobre, em entrevista concedida ao Diário do Nordeste via telefone, anunciando para agosto a publicação dessa medida.
O certo é que a novidade promete popularizar o uso dessas práticas, trazendo diversos benefícios aos pacientes, dentre eles a redução da dor em tratamentos odontológicos, do uso dos medicamentos alopatas e, conseqüentemente, de seus efeitos colaterais. Por sua vez, o presidente do Conselho Regional de Odontologia no Ceará (CRO-CE), Cláudio Cid, destacou uma maior humanização na relação do dentista com o paciente.
Já a cirurgiã-dentista Delane Vieira observou que a realização do fórum garantiu a participação dos odontólogos no processo de mudança previsto em saúde bucal.
Inicialmente, há cerca de quatro anos, o debate sobre a aplicação desses procedimentos em saúde bucal e sobre a regulamentação de cursos de habilitação, para o exercício dessas atividades, aconteceu em fóruns realizados nos estados do País, explicou o presidente do CFO, Cláudio Cid
“Na realidade, nesses encontros foi feita uma grande revisão da literatura sobre essas técnicas”, avaliou. Já o Fórum Nacional, realizado em Brasília, estudou tudo que os estados produziram sobre a eficiência e eficácia das práticas integrativas e complementares na odontologia.
No fórum final, em Brasília, foram aprovadas seis práticas: hipnose, acupuntura, florais de Bach, fitoterapia, homeopatia e laser terapia, esclareceu o presidente do CFO. Miguel Álvaro, ainda, reconheceu que essas técnicas já vinham sendo usadas pelos dentistas, tanto no Ceará como em outros estados do País, mesmo antes da regulamentação. “Se o profissional já tinha os conhecimentos, usava. Porém, não poderia era anunciar para a população a prestação desses serviços”.
Também o presidente CRO-CE, Cláudio Cid, admitiu que a população cearense já tem acesso a essas práticas complementares. Porém, normalmente são oferecidas apenas em consultórios particulares.

Sistema Único de Saúde

A cirurgião dentista Delane Vieira, da Sociedade Médica de Acupuntura (Soma-CE) ressalta que a regulamentação das técnicas complementares contribuirá, inclusive, para possibilitar que o Sistema Único de Saúde (SUS) e os convênios venham a oferecer os procedimentos aos usuários.
Já o odontólogo João Elias Cunha adiantou que as práticas integrativas são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Ministério da Saúde e pelo CFO. “No Ceará, há recomendação também do CRO”, diz, sem deixar de observar descrença nessa eficácia de algumas dessas técnicas. É o que ocorre, por exemplo, com o uso em odontologia dos florais de Bach. O odontólogo, porém, não apenas prescreve aos seus pacientes como também é usuário, sobretudo no combate ao estresse.

MOZARLY ALMEIDA
Repórter

A OPINIÃO DO ESPECIALISTA
A busca do equilíbrio

A acupuntura age sobre a causa do desequilíbrio, não só sobre suas conseqüências. Considera toda doença causada por fatores internos (emocionais), externos (clima, agentes agressores, excesso ou falta de exercícios físicos) ou pela alimentação, que levariam a um desequilíbrio energético, estado anterior do desencadear dos mecanismos fisiopatológicos que levam à doença clínica. Se este desequilíbrio não for corrigido, o tratamento se limitará às doenças conseqüentes. O indivíduo saudável é aquele que apresenta bem-estar físico e emocional.

Dentro da nossa formação de cirurgiões-dentistas, não há uma preparação do estudante para uma visão integrativa do estado geral de saúde, resultando em um entendimento linear e limitado das causas de adoecimento com manifestações orais. O modelo bacteriano que caracteriza a medicina ocidental e que tenta justificar grande parte da etiologia das afecções odontológicas necessita de um novo enquadramento conceitual. A possibilidade de unir os conhecimentos ocidental e oriental nos dá a oportunidade de organizar um conteúdo mais preciso da realidade.
Nos fundamentos da medicina tradicional chinesa, a observação da língua — nos seus aspectos de forma, tamanho, cor, mobilidade, presença ou não de saburra — é indispensável para o estabelecimento do diagnóstico e posterior plano de tratamento e o cirurgião-dentista, em suas atribuições, tem total acesso para análise de todos esses aspectos, o que justifica uma melhor preparação, dispondo de conhecimento e recursos de tratamento para um número cada vez maior de pacientes com necessidades especiais de tratamento.
Diante do fácil acesso às informações relativas à utilização da acupuntura, é natural uma maior busca por esse tipo de tratamento. Baseado nessa realidade, é necessário que o cirurgião-dentista tome para si a responsabilidade de adotar recursos que contribuam para um melhor relacionamento dos pacientes com seus tratamentos, conscientizando-os a respeito do envolvimento dos seus problemas de saúde com os aspectos físicos, intelectuais, emocionais e ambientais que os cercam. Salientamos que esta iniciativa de reconhecimento da acupuntura na odontologia permitirá uma nova perspectiva ao cirurgião-dentista, seja através dos benefícios cientificamente provados ou do acesso que a população terá por se tratar de um recurso de baixo custo.
Delane Viana Gondim*
delanegondim@yahoo.com.br
*Especialista em Acupuntura pela Sociedade Médica de Acupuntura (Soma-CE), mestre em Ciências Fisiológicas e Doutoranda em Ciências Médicas pela UFC
Fonte: diariodonordeste.com.br

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