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Silvio Berlusconi, Dmitry Medvedev, Angela Merkel, Gordon Brown, Yasuo Fukuda, George Bush, Stephen Harper, Nicolas Sarkozy e José Manuel Durão (Foto: AFP)
Itália também adotou a posição de não aceitar Brasil no grupo.
Crise dos alimentos dominou primeiro dia de reuniãoHokkaido. O governo dos Estados Unidos expressou ontem sua oposição a uma ampliação do G8 para incluir a economias emergentes, entre elas, a do Brasil, como foi defendido pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy. A mesma posição foi adotada pelo primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi. O Grupo dos Oito reúne os sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia. ´É algo que não acreditamos que seja necessário neste momento´, afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Gordon Johndroe, após a inauguração ontem da cúpula anual do G8, no Japão. O porta-voz disse ainda que o sistema atual já permite a incorporação nas sessões do G8 de outros países, não havendo a necessidade de alterar o formato.
´Existem as economias emergentes, que se chamam emergentes mas que são muito mais que isso, e neste G8 manteremos com eles um encontro de um dia inteiro´, disse Berlusconi. ´Há a hipótese de Sarkozy, de estender o G8 a esses países, argumento que ainda não foi discutido, o examinaremos, mas penso que a maioria quer manter este formato, que tem a vantagem de não ter um número de presenças excessivas permitindo assim falar de modo franco e direto´, observou.
Berlusconi disse também que pode ser realizada após a cúpula uma reunião fixa com as outras cinco economias importantes, que são, segundo ele, Índia, China, África do Sul, México e Brasil.
No primeiro dia de cúpula, a atual crise dos alimentos, com o crescimento da demanda e dos preços, dominou a pauta. Os biocombustíveis foram novamente tratados como peça-chave da crise, mas com ressalvas para o produto feito à base de cana.
Apesar dos esforços do governo brasileiro para convencer a comunidade internacional do contrário, os biocombustíveis continuam na lista dos vilões da alta nos preços mundiais de alimentos.
Tanto o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, como o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-Moon, atribuíram parte da culpa pela inflação alimentar ao produto. ´Diversos fatores afetaram os preços, mas não há dúvida de que os biocombustíveis estão entre eles´, disse Zoellick, que fez questão, no entanto, de diferenciar os combustíveis produzidos com cana-de-açúcar, como o álcool brasileiro, dos que são feitos com cereais e vegetais.
O ex-secretário de comércio dos Estados Unidos lembrou que cerca de três quartos do crescimento da produção de milho nos últimos três anos foi para a produção de álcool nos Estados Unidos.
Documento divulgado pelo Banco Mundial na semana passada para embasar os debates da cúpula do G8 já mencionava o uso do óleo de cereais e vegetais para a produção de combustíveis como uma das causas da disparada de preços.
Segundo dados do Banco Mundial, os preços dos grãos mais que dobraram desde 2006. Apenas neste ano, a alta acumulada é de 60%. O estudo diz que, nos últimos três anos, cinco milhões de hectares de terras aráveis que poderiam ter sido usados para plantação de trigo foram destinadas à produção de colza e girassol para biocombustíveis. O documento admite, porém, que a produção brasileira do álcool à base de cana não levou a ´altas substanciais´ no preço do açúcar.
Ban Ki-Moon concordou com os argumentos de Zoellick, mas ponderou que não há dados sobre o exato impacto dos biocombustíveis na crise mundial de alimentos. ´Acredito que são necessários mais estudos e mais pesquisa sobre os biocombustíveis de segunda geração´, disse o representante da ONU, lembrando que o governo brasileiro promoverá conferência internacional sobre o tema em novembro.
Uma das missões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Hokkaido será, justamente, tentar isentar de culpa a produção de biocombustíveis.
A exemplo do que fez na semana passada durante a Cúpula do Mercosul, na Argentina, Lula deve jogar a culpa na especulação financeira e cobrar dos países do G8 que parem de comprar safras ainda nem plantadas nos chamados mercados futuros.
Juntos, Bird e ONU pediram ao G8 ´resultados, e não mais promessas´, ressaltando que a crise pode levar 100 milhões de pessoas em todo o mundo para baixo da linha de pobreza. As entidades se referiram especialmente à difícil situação econômica vivida na África, que ocupou hoje os debates do primeiro dia da cúpula.
Ban Ki-Moon pediu ao G8 que não volte atrás nas promessas que fez em cúpulas anteriores, e advertiu que o desenvolvimento da África requer ajudas no valor de, ao menos, US$ 62 bilhões para o combate de doenças infecciosas.
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