Juros do cheque especial sobem a despeito da queda em outras linhas.
Taxa média geral, e para pessoas físicas, caíram em março, diz BC.
Na contramão do observado em outras taxas de juros, tanto para empresas quanto para pessoas físicas, os juros cobrados pelos bancos em suas operações com o cheque especial de pessoas físicas subiram em março deste ano, revelam informações divulgadas nesta quinta-feira (23) pelo Banco Central.
No mês passado, os juros médios do cheque especial somaram 169,1% ao ano, contra 166,7% ao ano em fevereiro. Ou seja, um aumento de 2,4 pontos percentuais.
Pré-crise
Em fevereiro, tanto a taxa do cheque especial, quanto a de outras linhas de crédito para pessoa física, já haviam retornado ao nível pré-crise. Mesmo com a subida em março, a taxa do cheque especial ainda continua abaixo da observada em setembro do ano passado (170,2% ao ano). As demais taxas cobradas pelos bancos (com exceção da conta garantida - para empresas) caíram em março, e por isso, seguem em patamares observados antes do agravamento da crise financeira, em setembro de 2008, com impactos de outubro em diante na economia.
Histórico
Os juros do cheque especial vinham recuando desde janeiro deste ano, quando somaram 172% ao ano. Em dezembro do ano passado, estavam em 174,9% ao ano. A queda registrada no início do ano continuou em fevereiro, com a taxa média recuando para 166,7% ao ano - que foi o menor nível desde agosto de 2008. Em março, a sequência de quedas foi interrompida, com o aumento para 169,1% ao ano.
Inadimplência e atrasos
As instituições financeiras voltaram a elevar os juros do cheque especial, no mês passado, apesar da queda da inadimplência registrada nesta linha de crédito, que se caracteriza por atrasos acima de 90 dias. A inadimplência do cheque especial, que estava em 10,6% em dezembro, caiu para 10,2% em janeiro e fevereiro. Em março, recuou mais ainda: para 9,7% ao ano (a menor desde outubro do ano passado).
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, observou, entretanto, que os "atrasos" de pagamento (pela definição, demora de 15 a 90 dias para pagamento das dívidas, e que não é a mesma coisa que inadimplência), cresceu de 5%, em fevereiro, para 5,4% em março deste ano, o que é o maior valor de toda a série histórica do BC, iniciada em julho de 1994.
"Este é o maior atraso da série histórica. Não dá pra dizer que justifica [o aumento da taxa de juros do cheque especial efetuado pelos bancos]. Mas é a única explicação que eu tenho. Poderia ser um comportamento defensivo [dos bancos]", avaliou Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC.
Crédito pessoal e aquisição de veículos
Para o crédito pessoal, das pessoas físicas, entretanto, a taxa caiu de 54,5% ao ano em fevereiro para 50,8% ao ano em março. O mesmo aconteceu para a aquisição de veículos, cuja taxa média dos bancos passou de 31,8% ao ano, em fevereiro, para 29,7% ao ano em março.
Taxas médias
A taxa média de juros, de todas as operações bancários com recursos livres (sem direcionamento específico), caiu de 41,3% ao ano em fevereiro para 39,2% ao ano em março, o menor nível desde junho do ano passado, informou o BC.
Já a taxa dos bancos em suas operações com pessoas físicas recuou de 52,6% em fevereiro para 50,1% ao ano no mês passado - o nível mais baixo também desde junho do ano passado.
Para as pessoas jurídicas, a taxa média cobrada pelas instituições financeiras recuou de 30,9% ao ano em fevereiro para 28,9% ao ano em março, a menor desde setembro de 2008.
Outra exceção à queda quase generalizada dos juros bancários em março, foi a "conta garantida" de empresas - linha de crédito que se assemelha ao cheque especial de pessoas físicas. Neste caso, os juros cobrados pelos bancos subiram de 77,1% ao ano em fevereiro para 79,6% ao ano em março.
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