Líder disse que decisão terá que ser rápida para evitar mais desemprego.
'Eu é que não queria estar no lugar dele', disse Lula, referindo-se a Obama.
Presidentes tiveram seu primeiro encontro pessoal neste neste sábado. (Foto: France Presse)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (14), ao lado do líder americano Barack Obama, que decisões políticas tomadas no próximo encontro do G20 (grupo que reúne as maiores economias e os principais países emergentes) podem resolver a crise financeira mundial.
"O presidente Obama e eu estamos convencidos que a crise econômica pode ser resolvida por decisões políticas no encontro do G20", afirmou Lula, falando a jornalistas ao lado de Obama, após reunião na Casa Branca.
O presidente brasileiro alertou, no entanto, que tais decisões - não especificadas - precisam ser tomadas rapidamente: "a decisão precisa ser mais rápida, porque o número de desempregados está aumentando no mundo". O G20 se reunirá no início de abril em Londres, na Inglaterra, e espera-se que durante a reunião possam ser tomadas medidas comuns para enfrentar a crise financeira.
Falando sobre a gravidade da crise que atinge os EUA, Lula fez uma brincadeira e disse que "eu é que não queria estar no lugar dele", referindo-se ao cargo do presidente americano, arrancando risadas de Obama. Mantendo o bom-humor, o americano respondeu que o brasileiro "parece minha esposa Michelle falando".
Lula cumprimenta o presidente Obama após encontro na Casa Branca neste sábado. (Foto: France Presse)
Muito a aprender
Na área de biocombustíveis, Obama disse que seu país "tem muito a aprender com o Brasil" no campo das energias renováveis, e afirmou que pretende usar seu vínculo com esse país para "fortalecer" a relação com a América Latina.
O líder americano prometeu "redobrar" os esforços de seu país em prol das energias limpas.
Encontro pioneiro
A reunião entre Lula e Obama, realizada na Casa Branca, em Washington, a sede do governo dos EUA, foi o primeiro encontro entre os presidentes dos dois países e o terceiro encontro com um chefe de Estado feito por Obama desde sua posse, no dia 20 de janeiro.
Lula e Obama: líder americano disse que os EUA têm 'muito o que aprender' com o Brasil nos biocombustíveis. (Foto: France Presse)
Após o encontro com Obama, o presidente brasileiro segue agora para almoçar na residência do embaixador brasileiro na capital americana. No final da tarde, Lula vai embarcar para Nova York, onde permanece no domingo sem agenda oficial.
Agenda presidencial
Na segunda-feira, ainda em Nova York, o presidente vai se encontrar com investidores e empresários estrangeiros em um seminário econômico sobre o Brasil promovido pelos jornais "Valor" e "Wall Street Journal".
São aguardados 250 participantes, inclusive ministros de Estado, que irão debater a maneira como o Brasil atravessa a atual crise mundial e também os mecanismos que criou para manter os investimentos básicos em infraestrutura, produção e setor social.
Lula e Obama devem voltar a se encontrar no mínimo duas vezes nas próximas semanas: em Londres, por ocasião da reunião de cúpula do G20, o grupo que reúne os países ricos e emergentes para avançar com as propostas de de reforma financeira; e na Cúpula da Américas, em meados de abril, em Trinidad.
Concorrência comercial
Segundo analistas, apesar da troca de palavras de boa vontade entre os dois dois países, Brasil e EUA também são concorrentes comerciais, e as tentações protecionistas são fortes em tempos de crise, como assinala Paulo Sotero, do Instituto Brasil do Centro de Estudos Woodrow Wilson.
"As relações entre os Estados Unidos e Brasil são boas, mas superficiais. O desafio dos dois (Obama e Lula), se acreditarem que é importante, é aprofundá-las em coisas que são de interesse nacional para ambos os países: estabilidade, energia, comércio, reforma das instituiçõs financeiras internacionais", explicou Sotero.
Para Obama, imerso na política interna por causa da recessão e sem muito tempo para se dedicar à América Latina, o Brasil é considerado um sócio idôneo, confiável e próximo ideologicamente, uma ótima ponte para negociar com uma região complexa.
"O Brasil emergiu como um intermediário, e Lula, que sabe ter esses meios diplomáticos em mãos, gostaria de ver uma suavização das tensões entre os Estados Unidos e a Bolívia, Venezuela ou Equador", afirmou Riordan Roett, especialista em América Latina da John Hopkins University.
(Com informações de Reuters, AFP, Valor OnLine e Agência Estado)
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