quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Ceticismo sobre ajuda a bancos nos EUA faz Bovespa cair 2,12%


Tesouro americano detalhou novo pacote de US$ 1,5 trilhão para bancos.
Entretanto, mercado esperava mais detalhes sobre fundo público-privado
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Do G1, em São Paulo

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda nesta terça-feira (10), prejudicada pela avaliação de investidores de que faltaram detalhes sobre o plano de ajuda a bancos de US$ 1,5 trilhão anunciado pelo secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner.

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No fim do pregão, o índice Ibovespa - referência para o mercado brasileiro - teve queda de 2,12%, terminando aos 41.207 pontos. O volume de negócios foi de R$ 5,5 bilhões. Na véspera, o pregão havia registrado queda de 1,5%, também por conta das dúvidas sobre a economia norte-americana.

Entre as ações negociadas, as maiores quedas foram registradas por Gerdau, Cosan e pela própria BM&FBovespa. Entre as principais altas figuraram Cesp, Vivo, Eletrobrás e Ambev.

Bancos e empregos

O novo plano de resgate do sistema financeiro dos Estados Unidos terá pelo menos US$ 1,5 trilhão - podendo chegar a US$ 2 trilhões - com o objetivo de retirar ativos tóxicos do mercado e de aumentar o volume de crédito para o consumidor e para empresas.

Além disso, a nova ajuda ao sistema financeiro inclui também ajuda a mutuários com dificuldades para pagar as prestações, no valor de cerca de US$ 50 bilhões.

No Senado dos EUA, pouco antes das 16h (horário de Brasília), aconteceu a aprovação do pacote de estímulo do presidente Barack Obama, no valor de US$ 838 bilhões. O plano conseguiu 61 votos favoráveis. A meta principal deste pacote seria a geração de empregos, segundo o presidente americano, Barack Obama.

Esse novo plano é considerado uma revisão do amplamente criticado pacote de resgate a bancos de US$ 700 bilhões aprovado pelo Congresso dos EUA no ano passado, que Geithner afirmou ter sido considerado "injusto e ineficiente".

Avaliação

Muito do que foi falado pelo secretário do Tesouro, Timothy Geithner, já tinha sido antecipado pelo mercado, como o teste de estresse nas instituições financeiras e ajuda para os devedores de hipotecas.

O que teria decepcionado é que a criação do fundo baseado em uma parceria público-privada não foi detalhada. O projeto utilizará dinheiro público para alavancar o crédito privado. A expectativa é que ele gere uma capacidade de financiamento de até US$ 1 trilhão, mas deve começar com uma base de US$ 500 bilhões.

"Para quem esperava uma novidade, (o secretário Timothy) Geithner começa com uma colcha de retalhos", disse, em relatório, o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves. "O mercado enxergou que vai ter dificuldade de implementação desse plano", ressaltou Pedro Galdi, analista da corretora SLW.

De acordo com o analista-chefe da XP Investimentos, Rossano Oltramari, o anúncio do secretário do Tesouro sobre as medidas para o setor financeiro, e aprovação do plano de estimulo de mais de US$ 800 bilhões pelo Senado dos EUA, já tinham sido incorporadas nos preços dos ativos. "O mercado subiu na expectativa e caiu no fato", resume.

O analista lembra que o esperado "bad bank" que concentraria ativos podres dos bancos não foi anunciado, o que ajuda a explicar boa parte do mau humor externo. Agora, o foco recai sobre o modo de operação do fundo público-privado que será criado para estimular o crédito.

Descolada dos EUA

Mesmo caindo forte, o analista da XP Investimentos afirma que a Bovespa não deixou de demonstrar firmeza, pois em Wall Street, as baixas superaram os 4,5% para o indicador Dow Jones, referência para o mercado de Nova York.

Segundo Rossano Oltramari, isso pode ser encarado como um sinal de descolamento do mercado norte-americano. Para Oltramari, no médio prazo, a bolsa brasileira deve ganhar dinâmica própria apoiada em dois fatores.

O primeiro deles é a expectativa de que a economia chinesa irá ser recuperar antes do esperado, e sinal disso foi a recente melhora no preço de commodities, o que beneficiou e beneficiará os principais papéis da bolsa brasileira.

O outro ponto é que os investidores que correram para o dólar e títulos públicos americanos no auge da desconfiança. Agora, devem começar a reavaliar as opções de investimento. "Como o pior parece que ficou para trás, esses investidores não vão deixar dinheiro em título público, eles vão buscar rendimento nos emergentes."

Europa e Ásia

Na Europa, os principais indicadores fecharam em forte baixa, com os investidores desapontados com o pacote. Além disso, o banco suíço UBS apontou prejuízo de US$ 7 bilhões no quarto trimestre. O banco anunciou ainda a demissão de 2,2 mil funcionários na unidade de banco de investimento e uma reestruturação na área de gerenciamento de fortunas.

Na Ásia, a terça-feira foi de perda em Tóquio e Seul. A Rússia também ganhou destaque no noticiário internacional, depois que um jornal japonês noticiou que o país buscaria rever os prazos de pagamento de US$ 400 bilhões em empréstimos estrangeiros. A notícia, no entanto, já foi negada por um grupo de bancos do país.

(Com informações da Reuters e do Valor OnLine)


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