Tendo registrado 856 casos da doença em 2007, o Município intensifica ações, aderindo à campanha nacional
Apesar de ser uma doença antiga, com tratamento e cura possíveis, a hanseníase está longe de ser erradicada no Brasil e deixa seqüelas em milhares de pacientes a cada ano. O País é o segundo do mundo em número de casos, tendo diagnosticado, em 2007, 47.612 pessoas acometidas pela doença. O Nordeste é a segunda região com maior índice. Em 2006, foram 17.241, sendo 1.667 em crianças e adolescentes menores de 15 anos.
E a realidade de Fortaleza não é muito melhor. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 856 novos casos foram diagnosticados em 2007, gerando um coeficiente de detecção de 3,53 para 10 mil habitantes. O índice é considerado alto pelo Ministério da Saúde, que registrou, em 2006, 1,46 por 10 mil habitantes.
Para tentar reverter essa situação, a Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF), por meio da SMS, apresentou, ontem, na Escola de Saúde Pública, o cronograma de ações, reforçando a campanha nacional “Saúde é bom saber”, lançada no dia 6 de julho.
Conforme o secretário de Saúde, Odorico Monteiro, as ações representam um reforço ao que já é feito na Capital. Segundo ele, os trabalhos envolvem capacitação de médicos da rede municipal, busca ativa de novos casos, distribuição de cartilhas e panfletos, e, no dia 18 deste mês, intensificação do atendimento em todas as unidades, com realização de exame clínico.
“É muito importante que se realize o diagnóstico precoce, para que nenhuma pessoa doente deixe de ser tratada e as seqüelas possam ser minimizadas”, frisa. Odorico destaca ainda que, além do tratamento para a cura da doença, o Município deve oferecer suporte ao paciente que ficar com seqüelas e conscientizar as famílias das pessoas doentes. “Esses pacientes ainda carregam uma carga de preconceito muito grande”, comenta.
As dificuldades enfrentadas pelos doentes rejeitados pela família foram abordadas por um dos representantes do Grupo de Amigos dos Portadores de Hanseníase (GAPH), que preferiu não ser identificado. Ele relatou histórias de maridos que abandonaram esposas e famílias que se desfizeram por conta da doença. “Nós explicamos que ninguém precisa ser rejeitado por causa disso. A doença tem cura e a transmissão não ocorre depois que o tratamento é iniciado”, diz.
O membro do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Antônio Alves Ferreira, destacou ainda a importância de um esforço conjunto contra a doença e o preconceito, incluindo o ex-portador, a família, a comunidade e o poder público.
Crianças e adolescentes
Doença caracterizada por atingir mais adultos, a hanseníase vem mudando o perfil, sendo detectada cada vez mais entre crianças e adolescentes, conforme a doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Maria de Jesus Alencar. Segundo ela, há casos de crianças com pouca idade que, por conta diagnóstico tardio, têm seqüelas graves da doença.
CURA POSSÍVEL
Tratamento precoce evita seqüelas
Com registros desde a Antigüidade, a hanseníase, conhecida como lepra, era motivo de afastamento dos doentes da sociedade. Apesar do bacilo responsável pela doença, Mycobacterium leprae, ter sido identificada em 1873, pelo norueguês Gehard Amauer Hansen, ainda se sabe muito pouco sobre a bactéria, conforme a hansenóloga Ana Fátima.
Ela explica que isso ocorre porque a bactéria tem desenvolvimento intracelular, que impede que seja estudada detalhadamente em laboratórios. Mesmo assim, conforme a especialista, os antibióticos disponíveis para o tratamento são eficazes.
Apesar de ter fácil transmissão, podendo um doente contaminar uma pessoa saudável até por meio da fala próxima, a partir da primeira dose de medicamento o paciente já deixa de contaminar outras pessoas. A doença, segundo Ana Fátima, atinge principalmente a pele e os nervos, em especial os da face e extremidades, como braços e mãos, pernas e pés, podendo deixar seqüelas quando o diagnóstico tardio atrasa o tratamento.
Estigma
Desde a Antigüidade, a doença era conhecida como lepra. As pessoas infectadas eram discriminadas e obrigadas a viver fora da sociedade, em colônias, além de sofrer as conseqüências da própria doença. Na época, sem cura e sem tratamento, a hanseníase causava deformidades nas pessoas infectadas.
Hoje, a hanseníase tem cura e, se tratada nos estágios iniciais, não deixa seqüelas. Os sintomas freqüentes são dor nos nervos e perda de sensibilidade às temperaturas, à dor e aos estímulos táteis, além das manchas brancas ou avermelhadas na pele.
NÚMEROS DA DOENÇA
47.612 casos foram detectados no Brasil em 2007, sendo 8% em menores de 15 anos
6% dos brasileiros, atingidos em 2007, já tinham, no início do tratamento, grau dois de incapacidade física
85% dos casos no Brasil, registrados em 2005 e 2006, foram curados
17.241 casos de hanseníase foram diagnosticados, em 2006, na Região Nordeste
1.667 crianças e adolescentes nordestinos tiveram, em 2006, diagnóstico de hanseníase
87% dos casos de hanseníase no Nordeste, entre 2001 e 2006, foram curados
856 novos casos da doença foram diagnosticados em Fortaleza no ano passado
15.000 unidades de saúde do País realizam diagnósticos, número que representa somente 34% do total de postos
E a realidade de Fortaleza não é muito melhor. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 856 novos casos foram diagnosticados em 2007, gerando um coeficiente de detecção de 3,53 para 10 mil habitantes. O índice é considerado alto pelo Ministério da Saúde, que registrou, em 2006, 1,46 por 10 mil habitantes.
Para tentar reverter essa situação, a Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF), por meio da SMS, apresentou, ontem, na Escola de Saúde Pública, o cronograma de ações, reforçando a campanha nacional “Saúde é bom saber”, lançada no dia 6 de julho.
Conforme o secretário de Saúde, Odorico Monteiro, as ações representam um reforço ao que já é feito na Capital. Segundo ele, os trabalhos envolvem capacitação de médicos da rede municipal, busca ativa de novos casos, distribuição de cartilhas e panfletos, e, no dia 18 deste mês, intensificação do atendimento em todas as unidades, com realização de exame clínico.
“É muito importante que se realize o diagnóstico precoce, para que nenhuma pessoa doente deixe de ser tratada e as seqüelas possam ser minimizadas”, frisa. Odorico destaca ainda que, além do tratamento para a cura da doença, o Município deve oferecer suporte ao paciente que ficar com seqüelas e conscientizar as famílias das pessoas doentes. “Esses pacientes ainda carregam uma carga de preconceito muito grande”, comenta.
As dificuldades enfrentadas pelos doentes rejeitados pela família foram abordadas por um dos representantes do Grupo de Amigos dos Portadores de Hanseníase (GAPH), que preferiu não ser identificado. Ele relatou histórias de maridos que abandonaram esposas e famílias que se desfizeram por conta da doença. “Nós explicamos que ninguém precisa ser rejeitado por causa disso. A doença tem cura e a transmissão não ocorre depois que o tratamento é iniciado”, diz.
O membro do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Antônio Alves Ferreira, destacou ainda a importância de um esforço conjunto contra a doença e o preconceito, incluindo o ex-portador, a família, a comunidade e o poder público.
Crianças e adolescentes
Doença caracterizada por atingir mais adultos, a hanseníase vem mudando o perfil, sendo detectada cada vez mais entre crianças e adolescentes, conforme a doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Maria de Jesus Alencar. Segundo ela, há casos de crianças com pouca idade que, por conta diagnóstico tardio, têm seqüelas graves da doença.
CURA POSSÍVEL
Tratamento precoce evita seqüelas
Com registros desde a Antigüidade, a hanseníase, conhecida como lepra, era motivo de afastamento dos doentes da sociedade. Apesar do bacilo responsável pela doença, Mycobacterium leprae, ter sido identificada em 1873, pelo norueguês Gehard Amauer Hansen, ainda se sabe muito pouco sobre a bactéria, conforme a hansenóloga Ana Fátima.
Ela explica que isso ocorre porque a bactéria tem desenvolvimento intracelular, que impede que seja estudada detalhadamente em laboratórios. Mesmo assim, conforme a especialista, os antibióticos disponíveis para o tratamento são eficazes.
Apesar de ter fácil transmissão, podendo um doente contaminar uma pessoa saudável até por meio da fala próxima, a partir da primeira dose de medicamento o paciente já deixa de contaminar outras pessoas. A doença, segundo Ana Fátima, atinge principalmente a pele e os nervos, em especial os da face e extremidades, como braços e mãos, pernas e pés, podendo deixar seqüelas quando o diagnóstico tardio atrasa o tratamento.
Estigma
Desde a Antigüidade, a doença era conhecida como lepra. As pessoas infectadas eram discriminadas e obrigadas a viver fora da sociedade, em colônias, além de sofrer as conseqüências da própria doença. Na época, sem cura e sem tratamento, a hanseníase causava deformidades nas pessoas infectadas.
Hoje, a hanseníase tem cura e, se tratada nos estágios iniciais, não deixa seqüelas. Os sintomas freqüentes são dor nos nervos e perda de sensibilidade às temperaturas, à dor e aos estímulos táteis, além das manchas brancas ou avermelhadas na pele.
NÚMEROS DA DOENÇA
47.612 casos foram detectados no Brasil em 2007, sendo 8% em menores de 15 anos
6% dos brasileiros, atingidos em 2007, já tinham, no início do tratamento, grau dois de incapacidade física
85% dos casos no Brasil, registrados em 2005 e 2006, foram curados
17.241 casos de hanseníase foram diagnosticados, em 2006, na Região Nordeste
1.667 crianças e adolescentes nordestinos tiveram, em 2006, diagnóstico de hanseníase
87% dos casos de hanseníase no Nordeste, entre 2001 e 2006, foram curados
856 novos casos da doença foram diagnosticados em Fortaleza no ano passado
15.000 unidades de saúde do País realizam diagnósticos, número que representa somente 34% do total de postos
RENATA BENEVIDES
Repórter
Fonte: diariodonordeste.com.br
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