Consumo das classes A e B no Brasil equivale à produção de dois planetas Terra, diz ONG
Se o mundo todo consumisse água, energia, alimentos e serviços da mesma forma que as classes A e B brasileiras, seriam necessários três planetas Terra produzindo ininterruptamente para fornecer os produtos e serviços em quantidade suficiente para abastecer esse consumo. É o que mostra uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (5) pela organização não-governamental ambientalista WWF Brasil.
Se o mundo todo consumisse água, energia, alimentos e serviços da mesma forma que as classes A e B brasileiras, seriam necessários três planetas Terra produzindo ininterruptamente para fornecer os produtos e serviços em quantidade suficiente para abastecer esse consumo. É o que mostra uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (5) pela organização não-governamental ambientalista WWF Brasil.
A pesquisa, realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), mostra que 45% da população segue esse padrão de consumo. Todo o restante, ou seja, 55% dos brasileiros, consomem de uma forma que demandaria dois planetas Terra para ser abastecida. Em comparação, os hábitos de consumo da população dos Estados Unidos, se fossem adotados em todo o mundo, demandariam a produção de bens e serviços de mais de cinco planetas Terra.
Esses dados “acendem a luz amarela, para que a gente possa ter um consumo sustentado”, diz a secretária-geral do WWF Brasil, Denise Hamú. “[Isso] significa que temos que repensar nossos hábitos”, destaca Irineu Tamaio, coordenador do Programa de Educação Ambiental do WWF Brasil. Ele ressalta que 67% da população não sabe qual o destino dado ao lixo produzido em casa – as pessoas apenas colocam o lixo em sacos que vão ser recolhidos pelos serviços de limpeza urbana. Esse número é ainda maior nas Regiões Norte e Centro-Oeste (80%) e Nordeste (84%). Na Região Sul é que as pessoas estão mais acostumadas a separar o lixo reciclável – cerca de 42% da população faz essa separação ainda em casa, enquanto 44% somente colocam o lixo em sacos. “Chama a atenção que, às vezes, o Sudeste e o Sul tenham política públicas ou campanhas de esclarecimento ou divulgação a respeito do destino do lixo, e que talvez nas Regiões Norte e Centro-Oeste, ou talvez no Nordeste, não existam políticas de aperfeiçoamento, preocupação ou destinação do lixo”, acrescenta Tamaio. Segundo ele, um dado positivo merece ser destacado: o percentual de pessoas que sempre desligam lâmpadas e aparelhos eletrônicos quando não os estão usando: 80% fazem isso. “É um índice que a gente considera alto.” “O que nós queremos é despertar na sociedade brasileira uma forma de pensar e agir para propor algumas mudanças, ou seja, o consumo gera um impacto”, diz Tamaio. Ele aponta uma tendência de aumento do consumo no Brasil, mas ressalta que isso precisa ser planejado, pois a pressão sobre os recursos naturais é muito grande quando se confirma essa tendência. “O fato é que a gente só tem um planeta, e hoje consumimos mais do que se tem disponibilidade”, completa Samuel Barrêto, coordenador do Programa Água para a Vida, do WWF Brasil. Essa é uma orientação, ele conclui, “que indica sinais preocupantes de como vivemos no país”.
A pesquisa ouviu 2002 pessoas em 142 municípios de todo o Brasil, entre os dias 13 e 18 de maio deste ano. De acordo com o WWF Brasil, foi a primeira vez que se fez um trabalho desse tipo no país.
Fonte: Jornal O Povo
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