Obama manda Mitchell ao Oriente Médio e pede que Israel abra fronteiras de Gaza
Ex-senador George Mitchell será enviado dos EUA ao Oriente Médio.
Diplomata Richard Holbrooke cuidará de Afeganistão e Paquistão.
O presidente dos EUA, Barack Obama confirmou nesta quinta-feira (22) a nomeação do ex-senador George Mitchell, de 75 anos, experiente negociador internacional, como enviado especial dos EUA ao Oriente Médio.
A apresentação dele foi feita em cerimônia no Departamento de Estado, no mesmo dia em que Hillary Clinton assumiu a chefia da diplomacia americana. Ela mesma abriu a cerimônia.
Em uma mudança do discurso do governo americano em relação à era Bush , ele disse que está comprometido com a segurança de Israel e que o país tem direito de se defender, mas pediu que o país abra as fronteiras da Faixa de Gaza, para que ajuda humanitária possa chegar à população do território palestino - que foi alvo de três semanas de ataques de Israel entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009 .
Richard Holbrooke, Barack Obama e George Mitchell durante cerimônia no Departamento de Estado nesta quinta-feira (22). (Foto: AFP)
Obama disse que pretende mandar Mitchell à região em confronto "o mais rápido possível", para conseguir uma "paz duradoura" entre Israel e seus vizinhos árabes.
O novo presidente afirmou que as linhas gerais para obter um cessar-fogo na região são claros: "O Hamas deve terminar seus ataques com foguete, e Israel deve completar a retirada de suas tropas de Gaza. Os Estados Unidos e nossos parceiros vão apoiar um regime de interdição e anticontrabando com credibilidade, de maneira que o Hamas não consiga se rearmar", disse Obama.
Ao assumir, Mitchell prometeu empreender todos os esforços necessários para alcançar a paz e a estabilidade no Oriente Médio.
O ex-senador citou sua experiência como mediador na Irlanda do Norte, onde, segundo disse, "antigos inimigos conseguiram chegar a um acordo quase 800 anos depois".
"Para conseguir a paz no Oriente Médio, será necessário aplicar capital político, recursos econômicos e a atenção muito cuidadosa das mais altas esferas dos governos", disse.
Mitchell foi negociador para a Irlanda do Norte durante a administração de Clinton.
A nomeação do ex-senador, de pai irlandês, representa um claro sinal do compromisso assumido por Obama e sua secretária de Estado com o processo de paz entre palestinos e israelenses, sobretudo depois da ofensiva militar em Gaza.
Nos anos 90, Mitchell, que anunciou o acordo da Sexta-Feira Santa, teve um papel discreto, mas decisivo, nas negociações de paz entre protestantes e católicos na Irlanda do Norte, protagonistas de um dos mais sangrentos conflitos do século XX.
Afeganistão e Paquistão
Na mesma cerimônia, Richard Holbrooke, ex-embaixador americano na ONU, foi designado enviado especial ao Afeganistão e ao Paquistão. Em diversas ocasiões durante a campanha e como presidente eleito, Obama disse que o foco da luta contra o terrorismo sairia do Iraque e passaria a ser o Afeganistão.
No discurso desta quinta, Obama disse que a situação no Afeganistão é "perigosa", e que qualquer progresso no combate aos insurgentes do Talibã vai tomar tempo.
Holbrooke, 68 anos, é artesão do acordo de paz de Dayton que pôs fim em 1995 a uma guerra interétnica na ex-Iugoslávia. Ele é considerado um homem brilhante e muito ambicioso, que compartilhou sua vida entre a diplomacia e Wall Street.
É o único diplomata americano a ter ocupado dois postos de secretário adjunto de Estado, tendo sido encarregado dos assuntos relacionados à Ásia durante o governo Jimmy Carter e das relações européias, sob Bill Clinton.
Ao assumir nesta quinta, ele prometeu que fará "tudo o que puder" para atingir as metas nestes países.
Esses dois países "são muito diferentes em sua geografia e em sua história, mas misturados em sua composição étnica, geograficamente e no drama político atual", declarou.
Holbrooke disse ainda que no Afeganistão trabalhará estreitamente com o chefe do Comando Central do Estado-Maior americano, o general David Petraeus, e com outros altos comandantes das Forças Armadas.
Sobre o Paquistão, o novo enviado especial reconheceu que a situação no país "é infinitamente complexa". Além disso, ressaltou que respeita "completamente as tradições" dessa nação, embora tenha feito referência "às perigosas turbulências" nas áreas tribais da fronteira com o Afeganistão.
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