O presidente Lula considerou que conversas do G20 foram equilibradas. Ele disse que o valor de US$ 1 trilhão ajudará a restabelecer o crédito.
Victor De Martino Especial para o G1, em Londres
Foto: Victor De Martino/G1
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente Lula durante coletiva de imprensa nesta quinta (2), em Londres (Foto: Victor De Martino/G1)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou o caráter democrático da reunião do G20 (grupo de países desenvolvidos e nações em desenvolvimento), em Londres, na Inglaterra, nesta quinta-feira (2), e voltou a dizer que o Brasil poderá emprestar dinheiro ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Você não acha muito chique o Brasil emprestar dinheiro para o FMI?", perguntou o presidente a jornalistas.
Lula lembrou que, durante muitos anos, carregou faixas em protestos dizendo "Fora FMI". Ele disse que gostaria de "entrar para a história" como "o presidente que emprestou algum dinheiro para o FMI, além de pagar a conta dos outros", sem especificar que conta seria essa.
Lula disse que um eventual financiamento do país ao FMI pode mudar a postura do país em relação ao fundo. "Depois a gente se queixa de que os países ricos querem mandar no FMI e no Banco Mundial. Lógico, nós só entramos lá como pedintes. Nós temos que colocar a nossa fatia para podermos exigir", disse. "Nós temos que entender que, embora tenha problemas, o Brasil tem condições de ajudar os países mais pobres."
'Cassius Clay'
Ao referir-se ao atual estágio da crise financeira internacional, Lula usou uma metáfora relativa ao boxe e comparou-se ao lutador Cassius Clay, o ícone do esporte que, após conversão ao islamismo, passou a chamar-se Mohammed Ali.
"Eu não tenho medo de cara feia. Imagina se o Cassius Clay tivesse medo de cara feia. O [George] Foreman teria nocauteado ele naquela luta que eles fizeram no Zaire. Entretanto, depois de apanhar por doze assaltos, ele derrubou o cara. Eu me considero o Cassius Clay nessas crise", disse.
Foto: Victor De Martino/G1
Lula, ao chegar para a coletiva, nesta quinta (2) (Foto: Victor De Martino/G1)
De igual para igual
O presidente Lula afirmou também que, depois de seis anos de negociações internacionais, o encontro em Londres foi a primeira vez em que sentiu que países desenvolvidos e em desenvolvimento negociam em igualdade de condições. Para ele, a reunião do G20 será "um grande passo" para uma nova realidade econômica. Lula voltou a afirmar que a crise foi causada pelos países ricos, que descuidaram de seus sistemas financeiros. Ele voltou a dizer que "a única coisa" que tem a pedir é que as nações desenvolvidas recuperem suas economias. Desta forma, segundo ele, o Brasil será beneficiado. O presidente disse que achou a reunião gratificante, pois, segundo ele, os líderes do G20 conseguiram entender que o momento pede uma "mistura de prudência e, ao mesmo tempo, de ousadia". Segundo ele, o valor de US$ 1 trilhão a ser liberado para o FMI emprestar a países em dificuldades ajudará a restabelecer o crédito no mercado internacional.
Lula afirmou ainda que "todo mundo ficou pensando então que é preciso criar uma regulamentação para o sistema financeiro mundial, para que ele esteja mais voltado ao setor produtivo e menos ao especulativo". Presente à mesma entrevista, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ressaltou que “sobre a importância desse encontro do G20, só vejo um antecedente parecido em que os países mais importantes se reuniram para discutir política econômica e para reformar as instituições multilaterais: eu penso em Bretton Woods”. Ele se referiu à conferência realizada em 1944 para restabelecer o sistema monetário e financeiro global depois da Segunda Guerra Mundial.
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'É o cara'
Mais cedo, Lula recebeu um elogio do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Ao encontrar o presidente brasileiro durante almoço que fez parte da reunião do G20, Obama afirmou que Lula "é o cara" e que o presidente brasileiro é o "político mais popular do mundo". "É porque ele é boa pinta", frisou o presidente norte-americano, ao lado do secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner.
Na coletiva, Lula disse que os elogios de Obama eram uma "gentileza". "Eu acho que a frase do Obama foi um gesto de gentileza, uma brincadeira, porque eu tenho consciência do meu tamanho, da minha importância", disse.
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