Jovem baleada após seqüestro no ABC segue ligada a aparelhos.
A amiga dela, também ferida no cativeiro, não sabe da morte cerebral.
Os médicos do Centro Hospitalar de Santo André, no ABC, aguardam a decisão da família da estudante Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, sobre doação de órgãos. A adolescente, que foi mantida refém durante mais de 100 horas pelo ex-namorado, teve morte cerebral confirmada às 23h30 deste sábado (18).
A diretora do hospital, Rosa Maria Aguiar, disse ao G1 na manhã deste domingo (19) que Eloá continua ligada a aparelhos. Caso a família opte por não fazer a doação, a jovem continuará ligada aos aparelhos até que haja um desfecho natural.
A família de Eloá foi informada sobre a morte cerebral da jovem logo após o diagnóstico. Os pais dela receberam atendimento psicológico no próprio hospital.
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Rosa Maria Aguiar contou ainda que Nayara Silva, de 15 anos, que também foi mantida refém e ficou ferida, está bem e se recuperando. A previsão é que tenha alta até o meio desta semana. Apesar disso, a diretora descarta que a garota preste depoimento no Centro Hospitar. De acordo com Rosa, Nayara pergunta da amiga, mas ainda não foi informada da morte cerebral.
No sábado, o secretário de Saúde de Santo André, Homero Nepomuceno Duarte, disse que caso haja a doação é possível que a maior parte dos órgãos possa ser aproveitada. “Isso não deve ser encarado pela família como algo oportunista, e sim como um ato de solidariedade”.
Confirmação da morte
A confirmação da morte cerebral de Eloá foi feita a partir de uma série de exames, que foram repetidos com um intervalo de seis horas neste sábado. Entre eles, exames laboratoriais, para analisar a dosagem de gases diluídos no sangue da paciente, exames de reflexos neurológicos e motores e um último, “que constatou a ausência de fluxo sanguíneo pelas artérias cerebrais”, explicou Nepomoceno. “Juntos, realizados em períodos diferentes, e com o mesmo diagnóstico eles confirmam a morte cerebral”.
100 horas de terror
Eloá e a amiga, Nayara Silva, de 15 anos, ficaram feridas no desfecho de um seqüestro que durou mais de 100 horas. Na segunda-feira (13), por volta das 13h30, motivado por ciúmes, Lindemberg Alves, de 22 anos, antes considerado calmo pelos amigos, invadiu o apartamento da ex-namorada e chegou a manter quatro reféns.
No mesmo dia, ele libertou dois adolescentes que estavam no local para realizar um trabalho escolar de geografia. No dia seguinte, libertou Nayara. Entretanto, como parte das estratégias de negociação, a adolescente voltou ao apartamento na manhã de quinta-feira (16).
O jovem chegou a falar em entrevistas por telefone que iria libertar também a ex-namorada, mas as negociações não avançaram. Um promotor de Justiça esteve na sexta-feira (17) no local com um documento que dava garantia de que o seqüestrador não seria ferido ao se entregar. O advogado do rapaz disse que essa era uma de suas exigências, e havia expectativa de que ele se entregasse no começo da noite.
Quando a polícia organizava uma coletiva de imprensa para falar sobre as negociações foi ouvido um estrondo. Às 18h08, a PM afirma que policiais que estavam em um apartamento ao lado do cativeiro ouviram um tiro disparado pelo seqüestrador.
O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) explodiu a porta e deteve Lindemberg. A adolescente Nayara deixou o apartamento andando, enquanto Eloá, carregada, foi levada inconsciente para o hospital. O seqüestrador, sem ferimentos, foi levado para a delegacia e, depois, para a cadeia pública da cidade. No sábado, foi levado para o Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo.
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