quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Crise se agrava e bancos nos EUA correm para fechar acordos

Onda de negociações invadiu mercado bancário nesta quarta-feira.
Até instituições lucrativas são atingidas pelo pânico em Wall Street.

Da Reuters/G1


Uma onda de desesperadas negociações entre instituições financeiras invadiu Wall Street nesta quarta-feira (17), dia em que as ações atingiram mínimas em três anos em meio a novos sinais sobre a fragilidade do setor.

A concessora de hipotecas britânica HBOS chegou a um acordo em ações com o Lloyds TSB para criar uma gigante hipotecária de 28 bilhões de libras (US$ 50 bilhões).

O Morgan Stanley discute uma fusão com a potência bancária Wachovia, segundo noticiou o "New York Times". O presidente-executivo John Mack recebeu um telefonema do Wachovia nesta quarta-feira, mas também está em busca de outras opções, segundo o jornal.

"Neste mercado, qualquer coisa é possível. Parece que o mercado quer que o modelo de banco de investimento desapareça", disse Danielle Schembri, analista de corretoras do BNP Paribas em Nova York.

O Washington Mutual, maior banco de poupança do país, colocou-se à venda, segundo fontes, confirmando uma notícia do "New York Times". Potenciais interessados incluem Citigroup, JPMorgan, Wells Fargo e HSBC, de acordo com as fontes.

saiba mais

Gastos

A onda de acordos em potencial segue o resgate surpresa, no valor de US$ 85 bilhões, da seguradora AIG pelo Federal Reserve na véspera, um movimento que não conseguiu acalmar os mercados.

O resgate da AIG segue o colapso do Lehman Brothers Holdings e a venda da Merrill Lynch para o Bank of America Corp, além de movimentos de bancos centrais em todo o mundo para inundar o sistema financeiro com recursos.

Ao todo, as autoridades norte-americanas já gastaram US$ 900 bilhões para aliviar os problemas dos setores financeiro e imobiliário. Grande parte desse dinheiro pode ser recuperado, se os ativos não caírem ainda mais.

Neste ano, o governo já socorreu as agências hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac e o Fed estruturou a venda do falido banco de investimento Bear Stearns ao JPMorgan Chase.

Apostas

"O medo agora é sobre quem será o próximo", afirmou John O'Brien, vice-presidente sênior do MKM Partners. "Quase parece que as pessoas pegam um livro e dizem qual será o próximo alvo. E isso espalha um temor contínuo."

As ações do Morgan Stanley caíram 43% e as do Goldman recuaram 27%, mesmo após ambos divulgarem resultados trimestrais acima do esperado na terça-feira (16).

Isso levantou comentários de que os dois principais bancos de investimentos dos Estados Unidos que ainda restam podem ter que se juntar a um banco comercial para sobreviver à turbulência.

"Acho que o Goldman Sachs e o Morgan Stanley se tornarão parceiros de dança. Eles não querem ser a vítima desta semana", disse William Larkin, gestor de renda fixa do Cabot Money Management.

O custo de proteção da dívida do Morgan Stanley e do Goldman saltou, refletindo os temores dos investidores de que seus títulos não sejam mais seguros que aquelas considerados como "junk".

O porta-voz do Goldman, Lucas van Praag, disse que a queda dos papéis da empresa é "resultado de um temor completamente irracional e não é baseado em fundamentos". O Morgan Stanley culpou os investidores de curto prazo. Enquanto isso, a Casa Branca disse estar "preocupada sobre mais empresas".

E em um sinal de uma ação regulatória com pouco efeito aparente, a SEC, o órgão regulador do mercado de capitais dos EUA, restringiu as vendas a descoberto. "Parece que a SEC está um dia atrasada. O Morgan Stanley claramente está na mira dos vendedores a descoberto", disse Andrew Brenner, vice-presidente sênior do MF Global.

Leia mais notícias de Economia e Negócios

Nenhum comentário: