Phelps inicia o caminho do ouro, Ronaldinho desencanta, Derly chora e duas atletas mostram que o esporte está acima dos conflitos políticos
Lutar pela paz mundial é coisa de super-herói, certo? Nem sempre.
O domingo em Pequim mostrou que é possível deixar conflitos de lado e celebrar o esporte. Por ironia, foi no pódio do tiro esportivo que as atletas da Rússia e da Geórgia ensinaram como se deve usar uma arma – alheias ao conflito entre os dois países, festejaram suas medalhas juntas, aos abraços. Àquela altura, o herói das Olimpíadas descansava. Talvez nem tenha sido informado do fato. Michael Phelps estava ocupado curtindo seu primeiro ouro.
O americano Michael Phelps deu o primeiro passo no caminho dourado que pretende trilhar em Pequim
A locomotiva americana da natação cumpriu, com folga, sua missão inicial em Pequim. Ganhou os 400m medley, baixou em quase dois segundos o recorde mundial – adivinha de quem era? – e inaugurou seu reinado no Cubo d’Água. Ainda faltam sete ouros, que certamente vão manter o super-herói muito ocupado ao longo dos próximos dias.
O abraço que resume o espírito olímpico
Ainda bem que tem gente cuidando dessa história de paz mundial. O conflito entre Rússia e Geórgia na Ossétia do Sul não impediu que a russa Natalia Paderina e a georgiana Nino Salukvadze se abraçassem no pódio do tiro esportivo. As donas da prata e do bronze, respectivamente, deram uma lição aos governantes, que chegaram a ameaçar a retirada da Geórgia dos Jogos. A questão acabou sendo contornada no sábado, e a delegação continua em Pequim.
Mortais, os brasileiros fizeram o possível na piscina. Thiago Pereira sentiu o cansaço – Phelps sabe o que é isso? – e terminou a prova em oitavo lugar. No feminino, Fabíola Molina foi mal nas eliminatórias dos 100m costas, onde houve um festival de recordes. Melhor para o Brasil que Gabriella Silva foi à final dos 400m borboleta.
A maior decepção verde-amarela no domingo, contudo, aconteceu bem longe da água. O bicampeão mundial de judô João Derly perdeu nas quartas-de-final e disse adeus ao sonho da medalha. Pediu desculpas, reclamou dos juízes e chorou. Andressa Fernandes, que substituiu Érika Fernandes após uma pequena novela com a Confederação, perdeu e foi eliminada menos de 24 horas após chegar a Pequim.
A resposta para a tristeza veio no campo e na quadra. Futebol e vôlei lavaram a alma do país no domingo.
Com dois gols de outro herói, o camisa 10 Ronaldinho Gaúcho, a seleção de Dunga atropelou a Nova Zelândia. O escudo da CBF não fez falta no uniforme azul, e a classificação para as quartas veio com um sonoro 5 a 0.
O time de Bernardinho espantou os fantasmas
No vôlei, o rival era igualmente fraco, e o triunfo foi igualmente categórico. Agressivo, o time de Bernardinho aplicou um 3 a 0 no Egito. Foi a senha para espantar as nuvens carregadas que pintaram o céu após a eliminação na Liga Mundial e o bate-boca no treino. Na praia, Márcio e Fábio Luiz mantiveram o Brasil com 100% de aproveitamento. A areia de Pequim, por enquanto, é verde-amarela.
Quem não teve a mesma sorte foi o handebol masculino, que caiu diante da França e se complicou na classificação.
Perder e se complicar na estréia, no entanto, acontece. Até com campeões olímpicos. Pergunte à seleção argentina de basquete, que não conseguiu superar a Lituânia no primeiro compromisso em Pequim. A Espanha, por sua vez, não vacilou e passou por cima da Grécia na reedição da final do Mundial de 2006.
Chove em Pequim. Com isso, nada de tênis
Quanto ao tênis... bem, praticamente não houve tênis. A chuva adiou 36 partidas no primeiro dia de competição. Com isso, Federer e Nadal podem ter de disputar simples e duplas no mesmo dia.
A noite caiu em Pequim e a madrugada terminou no Brasil com a China no topo do quadro de medalhas. Eram cinco ouros, incluindo dois novos, no judô e nos saltos ornamentais. Os Estados Unidos, quem diria, foram superados pela Coréia do Sul, que venceu no tiro com arco, na natação e no judô. Os americanos estão em terceiro. Afinal, os sete ouros restantes do super-herói Phelps ainda não são oficiais...
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