segunda-feira, 21 de julho de 2008

Saiba por que o preço da carne está mais caro

Crise da febre aftosa, há quatro anos, ainda reflete no preço.
Período de entressafra agrava falta de oferta no pasto.
Do G1, com informações do Fantástico entre em contato

Quem é que não gosta de um belo churrasco? Mas o preço da carne anda meio salgado. A reportagem do “Fantástico” começou sua investigação no pasto e foi até o prato do consumidor para saber: por que será que o preço da carne anda tão alto?

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No pasto, primeira etapa da produção, a reportagem constatou que um problema de quatro anos atrás compromete hoje o seu bolso. A crise da febre aftosa fez o preço despencar. Para cobrir os prejuízos, os pecuaristas abateram até o gado reprodutor e hoje faltam vacas para abastecer o mercado.

Também ficou mais vantajoso exportar. Os compradores lá fora estão dispostos a pagar mais. Com a procura em alta e a oferta em baixa, o preço disparou. Além disso, custos como adubo e vacina, empurraram os preços pra cima.
“Quando acontece isso, ninguém consegue controlar os preços. Então o produtor compra e tem que repassar os preços”, diz o produtor rural Jorge Tupirajá.
Há quatro anos, a arroba custava cerca de R$ 50. Hoje é vendida ao frigorífico por R$ 90, o que significa R$ 6 por quilo de carne.
No frigorífico o animal é abatido e cortado. É intermediário na cadeia de produção e também sentiu os efeitos da falta de oferta no pasto que se agrava agora com a entressafra.
“Nossa capacidade atual é de 1,1 mil cabeças. Atualmente estamos abatendo 750”, diz o gerente industrial Tiago Ramalho Borba.

Impostos e lucro

Gado raro, carne cara. Do frigorífico para o açougue e do açougue até a mesa, o preço engorda mais um pouco, com os impostos e a margem de lucro. É fácil adivinhar quem vai pagar a conta.
“A dona de casa vai pagar aproximadamente R$ 10 a R$ 12, ou seja, uma inflação da fazenda ao consumidor da ordem de 100%”, diz o economista Sergio Torres, da FGV.
“Eu pagava R$ 6, agora tá R$ 10,70”, reclama o aposentado Osmar Ferreira.
“Acredito que a carne de segunda subiu mais”, diz a diarista Maria Conceição do Rosário.
Acertou em cheio. O acém subiu mais que o contra-filé, e o músculo mais que o patinho. Não há dados oficiais se o consumo caiu ou não, mas o comércio já percebeu uma mudança de hábito do consumidor.
“Se ele comprava cinco quilos, hoje está levando três”, diz o açougueiro Valdemar Peres.
“Claro que a gente não queria essa crise, mas ao mesmo tempo alerta a população que tem como substituir a carne”, diz a nutricionista Eliana de Almeida.

Opções baratas

Num passeio pelo mercado, encontramos opções baratas e tão nutritivas quanto a carne. E enquanto o preço não cai, que tal ovo, frango, derivados do leite e soja? Também são ricos em proteína.
Entre os pescados, a sardinha é um dos mais baratos e faz bem à saúde. Pesquisas têm mostrado que ele auxilia no sistema cardiovascular.

O quilo da sardinha custa R$ 4,80 fora da safra. Na safra, ela chega a custar R$ 3.

“O brasileiro vai ter que esperar um pouco mais para fazer churrasco a preços antigos, na verdade aqueles preços comercializados há dois, três meses atrás, estes não voltam mais”, afirma Sergio Torres.

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