Crise da febre aftosa, há quatro anos, ainda reflete no preço.
Período de entressafra agrava falta de oferta no pasto.
Quem é que não gosta de um belo churrasco? Mas o preço da carne anda meio salgado. A reportagem do “Fantástico” começou sua investigação no pasto e foi até o prato do consumidor para saber: por que será que o preço da carne anda tão alto?
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No pasto, primeira etapa da produção, a reportagem constatou que um problema de quatro anos atrás compromete hoje o seu bolso. A crise da febre aftosa fez o preço despencar. Para cobrir os prejuízos, os pecuaristas abateram até o gado reprodutor e hoje faltam vacas para abastecer o mercado.
Também ficou mais vantajoso exportar. Os compradores lá fora estão dispostos a pagar mais. Com a procura em alta e a oferta em baixa, o preço disparou. Além disso, custos como adubo e vacina, empurraram os preços pra cima.
“Quando acontece isso, ninguém consegue controlar os preços. Então o produtor compra e tem que repassar os preços”, diz o produtor rural Jorge Tupirajá.
Há quatro anos, a arroba custava cerca de R$ 50. Hoje é vendida ao frigorífico por R$ 90, o que significa R$ 6 por quilo de carne.
No frigorífico o animal é abatido e cortado. É intermediário na cadeia de produção e também sentiu os efeitos da falta de oferta no pasto que se agrava agora com a entressafra.
“Nossa capacidade atual é de 1,1 mil cabeças. Atualmente estamos abatendo 750”, diz o gerente industrial Tiago Ramalho Borba.
Gado raro, carne cara. Do frigorífico para o açougue e do açougue até a mesa, o preço engorda mais um pouco, com os impostos e a margem de lucro. É fácil adivinhar quem vai pagar a conta.
“A dona de casa vai pagar aproximadamente R$ 10 a R$ 12, ou seja, uma inflação da fazenda ao consumidor da ordem de 100%”, diz o economista Sergio Torres, da FGV.
“Eu pagava R$ 6, agora tá R$ 10,70”, reclama o aposentado Osmar Ferreira.
“Acredito que a carne de segunda subiu mais”, diz a diarista Maria Conceição do Rosário.
Acertou em cheio. O acém subiu mais que o contra-filé, e o músculo mais que o patinho. Não há dados oficiais se o consumo caiu ou não, mas o comércio já percebeu uma mudança de hábito do consumidor.
“Se ele comprava cinco quilos, hoje está levando três”, diz o açougueiro Valdemar Peres.
“Claro que a gente não queria essa crise, mas ao mesmo tempo alerta a população que tem como substituir a carne”, diz a nutricionista Eliana de Almeida.
Num passeio pelo mercado, encontramos opções baratas e tão nutritivas quanto a carne. E enquanto o preço não cai, que tal ovo, frango, derivados do leite e soja? Também são ricos em proteína.
Entre os pescados, a sardinha é um dos mais baratos e faz bem à saúde. Pesquisas têm mostrado que ele auxilia no sistema cardiovascular.
O quilo da sardinha custa R$ 4,80 fora da safra. Na safra, ela chega a custar R$ 3.
“O brasileiro vai ter que esperar um pouco mais para fazer churrasco a preços antigos, na verdade aqueles preços comercializados há dois, três meses atrás, estes não voltam mais”, afirma Sergio Torres.
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