Você já cansou de ouvir que as ações do homem estão provocando a elevação da temperatura no planeta. Mas, estranhamente, existe um lugar nos Estados Unidos onde acontece o contrário!
Cada gota derramada é um sinal do aquecimento.
A corredeira formada pelo degelo agora se transforma em rio e desce velozmente pela grande montanha. Mas ninguém lamenta. O derretimento é mais do que natural, completamente esperado em uma época em que a temperatura passa de 20º C. Afinal, é verão na Califórnia.
O que ninguém imaginava é que, apesar do aquecimento global, o Monte Shasta ficaria, ano após ano, cada vez mais gelado.
O sol apareceu às 6h e a gente começou a caminhada. Duas horas depois, a lua desapareceu e o chão de pedras deu lugar a um enorme tapete branco. São nossos primeiros passos na neve. A caminhada até o topo leva um dia inteiro. É preciso mais um para voltar. O Monte Shasta tem 4.322 metros. De acordo com a mitologia indígena da região, as geleiras são as marcas deixadas pelos pés de Deus em um dia em que ele desceu à Terra.
E as "pegadas divinas" estão cada vez maiores. Algumas geleiras praticamente dobraram de tamanho nos últimos 60 anos. A maior delas, que tinha pouco mais de três quilômetros, ficou 900 metros mais extensa e aumenta 15 metros por ano.
O aumento da quantidade de gelo no Monte Shasta, em um momento em que grande parte das geleiras do planeta está em processo de derretimento, é o resultado de uma raríssima combinação de fatores. No fim das contas, uma conseqüência, justamente, do aquecimento global.
A temperatura do Oceano Pacífico, quase dois graus mais quente do que há apenas 60 anos, faz evaporar uma quantidade cada vez maior de água. A nuvem viaja pelo continente e quando chega ao cume do Monte Shasta, no inverno, esbarra com uma temperatura em torno de -15º C. O resultado é um volume de neve 20% maior. Foi o que concluiu a equipe de Sláwek Tula-Tchék na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz.
“É certamente uma notícia boa para essa região. O Monte Shasta fornece muita água e mantém um ecossistema importante. Mas não dá para dizer se é bom ou ruim do ponto de vista do aquecimento global. O mais importante é mostrar que a natureza reage de maneira diferente às mudanças climáticas em cada parte do planeta”, explica o pesquisador.
Isso, segundo o pesquisador, significa que devemos também agir de maneira diferente em cada região. Mas, se nada for feito, é possível que as geleiras do Monte Shasta não tenha forças para resistir. Os cálculos matemáticos mostram que se o planeta continuar esquentando desse jeito nem toda a neve do inverno vai ser capaz de compensar o derretimento de verões cada vez mais quentes.
Seguindo o ritmo atual, em algumas décadas, as geleiras que hoje causam surpresa pelo crescimento acelerado devem começar a diminuir. E no fim do século, o monte gelado seria só uma pequena ponta de esperança derretida. Mas a expectativa do pesquisador e certamente de todos nós é mais um reviravolta no curso da história, certamente, a favor da natureza.
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