Grupo denuncia aumento nos casos de contaminação nuclear na França
Em 15 dias, incidentes teriam contaminado 126 funcionários em 4 usinas do país.
Estatal atômica francesa minimizou impacto do caso mais recente, em Tricastin.
Muitos funcionários de instalações nucleares da França estão sendo contaminados por pequenas doses de radiação, afirmou nesta quinta-feira (24) um grupo independente que avalia a segurança do setor.
A declaração foi feita um dia depois de um incidente nuclear ter ocorrido em Tricastin, no sudoeste do território francês.
A Comissão Independente de Pesquisa e Informação sobre a Radiatividade (Criirad) também disse que uma quantidade crescente de funcionários de instalações nucleares passou a reclamar da degradação de suas condições de trabalho e do provável impacto disso sobre a segurança.
"Em menos de 15 dias, o Criirad foi informado de quatro problemas de funcionamento em quatro usinas nucleares, eventos esses que provocaram a contaminação acidental de 126 funcionários", afirmou em entrevista à Reuters Corinne Castanier, chefe da entidade.
"Esta é a primeira vez em que vejo tantas pessoas sendo contaminadas em um período de tempo tão curto."
Contando apenas a quarta-feira, cerca de cem funcionários da usina nuclear de Tricastin, no sul da França, foram contaminados por pequenas doses de radiação.
O incidente ocorreu depois de um outro semelhante, este do dia 7 de julho, no mesmo local. O cenário abalou a confiança da opinião pública sobre a segurança do setor nuclear francês, o maior da Europa, no momento em que o presidente da França, Nicolas Sarkozy, promete ampliá-lo.
A entidade governamental de segurança atômica, ASN, disse que em 2007 menos de cem funcionários foram contaminados por radiação na França, país cujo setor nuclear produz 80% da energia consumida.
O Criirad também criticou a estatal atômica EDF por dizer que o caso mais recente de contaminação não teria impacto sobre a saúde das pessoas ou sobre o meio ambiente porque as descargas de radiação haviam ficado abaixo dos limites fixados segundo padrões internacionais.
"Os limites regulatórios para radiação não significam que não haja um risco, mas dizem respeito ao máximo de risco que se pode permitir", afirmou o Criirad em um comunicado divulgado por meio de seu site, na quinta-feira.
O grupo nasceu em 1986 com o intuito de avaliar de forma independente o setor nuclear da França depois de o governo ter afirmado, erroneamente, que a nuvem radioativa vinda de Chernobyl havia parado na fronteira italiana e que a população não precisava adotar medidas de segurança.
Castanier acrescentou que a moral do corpo de funcionários das usinas nucleares encontrava-se em um patamar bastante baixo e que o número de ligações recebidas por seu grupo havia subido muito no último ano.
Os telefonemas partiram de funcionários permanentes e temporários de usinas nucleares que informaram o Criirad sobre a degradação das condições de trabalho.
As pressões aumentam acentuadamente durante os períodos de manutenção dos reatores nucleares, que foram reduzidos de maneira significativa, acrescentou o Criirad.
Fonte:G1
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