Ideb: 47,1% das escolas melhoram, mas só 1,2% tem nível de país desenvolvido
Índice do governo leva em conta a nota dos estudantes e a taxa de aprovação.Ministério afirma que houve falha técnica nos dados da cidade de São Paulo.
O Ministério da Educação (MEC) divulgou nesta sexta-feira (20) o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb ) de 2007 por escola e município.
Ideb das escolas de 1ª a 4ª série
Ideb das escolas de 5ª a 8ª série
Ideb dos municípios - 1ª a 4ª série
Ideb dos municípios - 5ª a 8ª série
Os números mostram que o índice aumentou com relação a 2005 em 47,1% das escolas públicas de ensino fundamental somando as de 1ª a 4ª série e de 5ª a 8ª série. A queda ocorreu em 22,1% e 4,9% permaneceram no mesmo patamar. Porém, os dados mostram que somente 1,2% das escolas públicas (782) obtiveram nota igual ou superior a 6 (na escala de 0 a 10), que é a média esperada em países desenvolvidos. Se considerado apenas o ensino fundamental de 5ª a 8ª série o percentual é menor: 0,15% conseguiu nota 6 (o que equivale a 43 escolas). De 1ª a 4ª série, o número de escolas com, no mínimo, 6 foi de 1,9% (o que significa 739 estabelecimentos de ensino).
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Foram analisadas 38.757 escolas de 1ª a 4ª série e 27.930 de 5ª a 8ª. Ao todo, 26,9% dos estabelecimentos de ensino não tinham dados em 2005 ou 2007, o que não possibilitou a comparação. A consulta dos dados de cada escola estará disponível no site do MEC a partir deste sábado (21).
Erros e cautela
O ministro da Educação, Fernando Haddad, recomendou cautela na análise dos números, pois podem ter ocorrido erros. O próprio MEC reconheceu nessa sexta que, na cidade de São Paulo, por uma falha técnica, os alunos que se transferiram ou morreram foram classificados como reprovados, o que levou a uma ligeira queda no índice.
Em nota à imprensa, a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo informou que só vai se manifestar sobre o índice quando ele for corrigido. O ministério diz que vai acertar todos os problemas que forem apontados no Ideb 2007.
Na divulgação do índice no ano passado, com dados de 2005, houve erros em cerca de 20 municípios, segundo o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes. Em Ramilândia, no Paraná, por exemplo, a taxa de aprovação foi informada com engano, o que diminuiu o índice. Nos outros municípios, o erro foi o mesmo.
O cálculo do Ideb leva em conta a nota dos estudantes em avaliações do MEC e a taxa de aprovação dos estudantes. Conheça mais sobre o índice aqui. Segundo o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, a falta de dados pode ser ocasionada por número muito reduzido de estudantes na escola ou por ausência de avaliação para o estabelecimento de ensino.
A escola de 1ª a 4ª série com o Ideb mais alto do país, segundo os dados divulgados, é a Escola Municipal Professora Elisabeth Maria Cavaretto de Almeida, e fica no interior de São Paulo, no município de Santa Fé do Sul. Ela tirou nota 8,6 numa escala de 0 a 10. A rede de ensino da cidade foi também uma das mais bem classificadas do país.
De 5ª a 8ª série o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (CAP/UFPE) obteve a nota mais alta, 8,2. As escolas com os índices mais baixos pertencem à rede estadual do Pará. A Secretaria de Educação do Pará disse ao G1 que precisa aumentar o índice e faz parceria com universidade para melhorar a formação dos professores.
Para os pais, os dados do Ideb representam uma boa ferramenta de fiscalização da escola pública. Munido das informações, é possível cobrar melhor ensino, segundo afirma o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Nelio Bizzo.
“O que há de importante no Ideb, é que ele permite uma idéia do que está acontecendo na escola, no município, no estado. Antes, a população tinha de confiar cegamente em comentários de especialistas”, diz.
Bizzo ainda observa que pequenas variações de taxa devem ser analisadas com cuidado. “Não dá para dizer que uma escola que teve 3 está melhor ou pior do que uma que tirou 2,9. A escola pública tem uma individualidade muito acentuada. A meta do Ideb tem de ser para cada escola [e não para a comparação]”, aponta.
Sucesso ponderado
Na semana passado o MEC divulgou as médias estaduais e nacionais. O país passou de 3,8 para 4,2 no Ideb das primeiras séries do ensino fundamental, ultrapassando a meta para 2007 (o objetivo era atingir 3,9). De 5ª a 8ª série, a nota passou de 3,5 para 3,8 (e a meta era 3,5); já no ensino médio, o objetivo era 3,4 e o Brasil registrou 3,5.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, na época, comemorou o desempenho. “Tivemos um índice de sucesso não só do Brasil como um todo, mas quase a totalidade dos estados cumpriram a meta do ensino fundamental”, disse ele. Mas ponderou: “Temos um longo caminho pela frente”.
Em entrevista coletiva realizada na quarta-feira (18), o ministro classificou os dados como “satisfatórios”. Segundo ele, dos 1.242 municípios que tiraram as notas mais baixas em 2005, 1.135 cumpriram suas metas e melhoraram a qualidade da educação local.
O que é o Ideb
O Ideb foi criado pelo Inep e leva em conta dois fatores que interferem na qualidade da educação: rendimento escolar (taxas de aprovação, reprovação e abandono) e médias de desempenho.
As taxas de rendimento são medias pelo Censo Escolar da Educação Básica, e as médias dos alunos, pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e pela Prova Brasil, avaliações realizadas pelo MEC para diagnosticar a qualidade dos sistemas educacionais.
A combinação entre aprovação e aprendizagem é calculada em valores de 0 a 10. A meta do MEC é que o Brasil atinja níveis educacionais de países desenvolvidos, o que corresponde à média 6, até 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil.
FonteG1.Globo
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